Durante a vida, costumamos distinguir pessoas às quais passamos a devotar admiração por suas qualidades ou talentos extraordinários. São aqueles que elegemos como nossos “ídolos”. Encontramos essas personalidades na música, nos esportes, na literatura, na política, na religião. O ideal é que essa reverência não seja sinônimo de fanatismo, mas apenas o reconhecimento do incomum naquele a quem identificamos como “ídolo”.
A minha geração teve em John Lennon a referência musical de uma época. Fundador e vocalista dos Beatles, ele se destacava não somente por seus dotes artísticos, mas também por sua pregação pacifista, sua postura questionadora. Por isso mesmo, provocava polêmicas. Podemos não concordar com muitas das suas afirmações, especialmente as que contestavam conceitos religiosos, mas nunca haveremos de deixar de reconhecer sua genialidade como compositor e letrista.
Acordei na terça-feira, dia 09 de dezembro de 1980, impactado pela notícia do assassinato de Lennon na noite anterior. A forma trágica da sua morte, causou uma comoção em todo o mundo. Sendo um dos seus admiradores, igualmente me vi consternado com a informação. A mídia registrava que teria sido morto por disparos de revólver feitos por um jovem de 25 anos de idade, de nome David Chapman, em frente ao Edifício Dakota, Nova York, onde morava, por volta das 22 horas, acompanhado por sua mulher Yoko Ono. Foram cinco tiros, quatro acertaram o lendário astro da música internacional. O curioso é que o assassino teria, na tarde daquele mesmo dia, solicitado que Lennon autografasse a capa do seu último álbum gravado, “Double Fantasy”, cuja temática das músicas tratava da importância da vida em família e do amor.
O criminoso foi identificado como um rapaz que se dizia cristão e considerava blasfêmias algumas declarações de Lennon ao se referir a Jesus Cristo, daí fazendo com que deixasse de ser um ardoroso fã para se tomar de ódio pelo compositor. Em relação a esses pronunciamentos feitos por Lennon, afirmando que “os Beatles eram mais populares do que Cristo”, ele havia dito posteriormente que foi mal interpretado e reconhecia ter colocado inadequadamente a sua posição a esse respeito.
O criminoso foi condenado à prisão perpétua com possibilidade de liberdade condicional a partir do ano 2000. Desde então, ele entra com pedidos de liberdade condicional a cada dois anos – e todas as solicitações foram negadas pelo conselho estadual de liberdade condicional de Nova York. Quarenta anos após a morte do músico, ele pediu desculpas a Yoko, viúva de Lennon. Chegou a dizer, em uma das audiências na justiça, que pensa o tempo todo naquele ato desprezível, e que,pelo que fez, merecia a pena de morte.
Naquele fim de ano o mundo perdia um dos maiores ícones da música popular do século XX. Paradoxalmente quem esteve sempre pregando a paz, perdia a vida vítima da violência humana. Apesar de já ser famoso na época, o cantor virou um mito após a morte, eternizado em biografias, documentários e diversas publicações.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba