DilmA a Ausência Apática. Tudo com o A de presidentA

Gilvan Freire

Está na hora de as autoridades políticas refletirem melhor sobre as conseqüências ruinosas desta seca cruenta que se alastrou pela Paraíba em 2012 e ainda persiste em 2013. Os reflexos perversos deste grave desastre natural sobre a região e seu povo nem de longe está sendo mensurado pelos governos, em qualquer nível, sendo de maior gravidade os papeis do governo do estado e o federal, tendo em vista sua maior capacidade financeira e estrutural de ação.

Isso não exclui o papel dos prefeitos, mas estes, no Nordeste brasileiro, são um desastre a mais, a falta de preparo administrativo e por causa da corrupção que se alastra entre eles como uma peste bubônica sem vacina ou remédio. Parte substancial dessa tragédia social, que são pobreza e a miséria nordestina, vem da má gestão municipal calamitosa predominante na região.

No momento critico em que estamos, quando não há mais esperança de salvar a economia de sustentação local, e quando os pequenos ativos patrimoniais da população (terras e rebanhos) estão reduzidos a menor expressão monetária ou a zero, não dá pra fazer festas a quem podia mas não faz nada para aliviar o desespero do povo abandonado e desesperado. Nesse sentido, a vinda da president(a) (com ‘a’ de azeda) à Paraíba, no próximo mês indefinido, é uma atitude de afronta e desrespeito a um povo que durante mais um ano está fazendo a travessia do deserto sozinho, esquecido e renegado pelos líderes políticos a quem deu cargo, prestigio, poder e notoriedade.

Não se explica como essa madame da república, tão cheia de empáfia e calçando salto alto, que subiu no pedestal da glória política com o apoio e a vã confiança do povo do Nordeste, tenha dado as costas à população justo quando as maiores agruras humanas afligem o nosso território e submete os pobres à condição de flagelado e pedinte.

Não faltará ôba-ôba quando a autoridade máxima do país pisar em solo da Paraíba para humilhar a população sofrida do semiárido, e haverá até quem, através do velho e histórico puxasaquismo secular, louve sua excelência pelo que prometerá fazer quando puder, enquanto pôde e nada fez. A pior miséria do povo nordestino, a maior desgraça da raça neste rincão de sedes e fome, continua sendo o servilismo crônico de seus representantes eleitorais.

Em qualquer lugar civilizado do planeta, onde houver um mínimo de consciência política do povo, uma indiferença dessas de Dilma com o Nordeste não ficaria sem respostas dura e pública, ou sem protesto dos líderes regionais. Mas, ao que parece, iremos prestar o tradicional culto à personalidade da poderosa de plantão, a fim de mostrar-mos, como sempre fizemos, que o nosso escravismo interior é uma espécie de Complexo de Édipo. Um sentimento de baixa estima e penúria moral, fraqueza de caráter, indolência mental e ajoelhamento canino, obediente e deprimente.

Enfim, vamos anotar os nomes daqueles que farão a tradicional solenidade do lava-pés e beija-mão. Eles lamberão os sapatos da presidenta (com ‘a’ de autoritária e avessa a nós). E não terão a menor cerimônia em fazê-lo. É covardia pura.