Dilma na Paraíba: Tanto faz

Paulo Santos

É provável que o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, tire a “prova dos nove” a respeito da propalada visita da presidenta Dilma Rousseff à Paraíba no próximo dia 31. O alcaide pessoense tem uma audiência com a doutora na quarta-feira (23) e deve, na parada para o cafezinho, perguntar se ele vem – ou não – à “pequenina e heroica”.

Depois da reportagem do Fantástico deste domingo (20) não restará à doutora Dilma alternativa senão vir e, mais além, anunciar coisas factíveis a respeito da transposição de águas do Rio São Francisco para minimizar os castigos da seca que atinge o Nordeste. Se não for assim, que fique em Brasília cuidando dos interesses de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul que são as grandes jóias da sua coroa.

O contribuinte nordestino – especialmente o paraibano – deve parar de se deixar enganar com a empulhação do Governo Federal quanto á transposição. Os canais abertos, até hoje, foram apenas os da corrupção. Como há muito vem sendo denunciado – ficou evidenciado na matéria da Rede Globo – os custos da “obra” duplicaram e pouco – ou quase nada – foi efetivamente realizado.

É possível que a repercussão negativa da matéria do Fantástico sirva como desafio para a doutora Dilma pegar o pião na unha e finalmente tirar esse projeto dos subterrâneos da roubalheira e coloca-lo à luz da eficiência da qual ela tanta expõe em seus discursos. O que ela não deve fazer é conversar com Lula antes de vir ao Estado (se vier).

A mentira e a enganação dos governos FHC e Lula, em relação à transposição, estão com suas vísceras tão expostas quanto às dos pobres bovinos mortos de sede e fome à beira das estradas. A terra recebeu as lágrimas de um produtor, diante das câmeras, como adubo ingênuo.

É isso que move o povo nordestino e particularmente paraibano ao longo da história: a ingenuidade. Acredita-se piamente que os políticos estão realmente interessados em obter soluções para o convívio com a seca quando estão, em todas as esferas de poder, mais interessados em irrigar suas contas bancárias e, ao custo do sofrimento de milhões de pessoas, garantir o sustento de suas campanhas eleitorais.

É às custas desse povo pobre e ordeiro que Renan Calheiros (PMDB) está voltando para a presidência do Senado com os votos dos nossos três senadores (Vitalzinho, Cássio e Cícero não veem motivos para não votar no abjeto líder das Alagoas). Nossos deputados federais (os 12) também não veem qualquer empecilho para votar no representante da família Alves, do Rio Grande do Norte, apesar de todas as denúncias sobre falcatruas que patrocina neste e em outros mandatos.

Não se sabe o que é pior nesse projeto de poder do PT: o mensalão ou a volta de Renan Calheiros. E a principal avalista disso tudo é exatamente a doutora Dilma Rousseff, que promete vir à Paraíba no dia 31 deste mês. Acredite quem quiser, mas tanto faz ela vir como não vir que o Nordeste continuará nesse sofrimento. O que o PT precisa, no projeto de poder idealizado por José Dirceu, José Genoíno, Lula e outros, não brota do sacrificado solo nordestino. Dignidade não morre de sede.

REFORÇO
O deputado estadual Carlos Batinga (PSC) está incorporando à sua futura equipe na Assembleia Legislativa uma figura das mais queridas nos círculos políticos e sociais da Paraíba: o ex-procurador Geral do Estado e ex-prefeito de Taperoá Deoclécio Moura. Vem para chefiar o gabinete do parlamentar.

ASSALTADOS E SEM VOZ
Em silêncio, como sempre acontece com os mais sofridos, as populações de bairros como Valentina Figueiredo, Monsenhor Magno, Colinas do Sul e Costa e Silva, entre outras, sofrem com os constantes assaltos dentro dos ônibus, em todos os horários. Adultos, adolescentes e crianças não têm sossego nas mãos de bandidos, graças à omissão dos empresários, incompetência das autoridades e subserviência de uma parte da imprensa.

ADIÓS, PICUÍ
Uma geração de flamenguistas, vascaínos, corintianos, palmeirenses e são-paulinos, entre outros, ficará órfã de um consagrado ponto de encontro, em fevereiro. O Picuí da Praia, na esquina do Hardman Flat, de frente para o mar de Manaíra, qie durante muito tempo foi um dos espaços mais democráticos (outro é Ricardinho, no Jardim Luna) no convívio de torcidas em JP, vai dar lugar a um hotel. As belas tardes de domingo sofrem nova baixa.