Cícero garante que concorrerá à reeleição

Nonato Guedes

O senador Cícero Lucena (PSDB-PB), afirmou com exclusividade ao “RepórterPB” que concorrerá à reeleição nas eleições de 2014 e descartou a hipótese do deputado federal Ruy Carneiro, presidente atual do diretório na Paraíba, competir com ele pela indicação à vaga. Cícero, que se encontrava hoje pela manhã em São Paulo em missão da Comissão Parlamentar Brasil-Coréia, rechaçou rumores sobre eventuais divergências suas com o senador Cássio Cunha Lima, explicando que ocorreram desencontros ultimamente por causa do recesso parlamentar. Sobre a relação com Ruy Carneiro, o senador afiançou que é a melhor possível.

Cícero também desmentiu rumores de que tivesse recebido sondagem ou convite para ingressar nos quadros do PMDB, tendo sido enfático ao ressaltar que se sente à vontade dentro do ninho tucano, sem qualquer motivação para se desfiliar da legenda. Enfim, o parlamentar desdenhou da possibilidade de uma aliança entre o PSDB e o PSB do governador Ricardo Coutinho nas eleições majoritárias de 2014, em que o chefe do Executivo deverá postular a reeleição. “Este assunto não está em pauta na agenda do PSDB”, salientou, acrescentando que também não acredita em movimentos do deputado federal Ruy Carneiro para operacionalizar a suposta composição.

Primeiro-secretário da Mesa do Senado, o mandato de Cícero expira em janeiro de 2015, e a hipótese de uma desistência sua em pleitear a reeleição foi estimulada pela derrota nas eleições para prefeito de João Pessoa, no ano passado, bem como pela concorrência de outros postulantes a uma única cadeira majoritária no Congresso nos diferentes partidos e até no PSDB. No contato com o repórter, por telefone, o senador passou ao largo dessas especulações. Apostou na coesão interna e no compromisso das lideranças tucanas com o fortalecimento da agremiação como parte da estratégia nacional de 2014 em que estará em jogo, também, a disputa pela presidência da República, que poderá envolver, entre outros protagonistas, a presidente Dilma Rousseff, pelo PT, e o senador Aécio Neves, pelo PSDB, já que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) vem prometendo apoio à reeleição de Dilma.

Ex-vice-governador e ex-governador do Estado (quando completou o mandato de Ronaldo Cunha Lima na década de 90, em virtude da sua renúncia para disputar o Senado), Cícero Lucena foi prefeito de João Pessoa por duas vezes e secretário de Políticas Regionais do governo Fernando Henrique Cardoso, com status de ministro, sendo vinculado, na época, a José Serra, que era ministro do Planejamento. Lucena também foi secretário de Estado na segunda gestão de Cássio Cunha Lima, sendo que na primeira gestão a sua mulher, Lauremília, foi vice de Cássio. Em 2010, ambos divergiram. Cícero pretendia ser candidato próprio ao governo e chegou a peregrinar por municípios, enquanto Cássio encontrava-se nos Estados Unidos, passando uma temporada. No retorno, Cunha Lima declarou apoio a Ricardo Coutinho, com o argumento de que era o único nome competitivo para derrotar o peemedebista José Maranhão, o que acabou se confirmando. Cícero ficou distante da peleja, embora no segundo turno tenha emitido declaração de voto em Maranhão, que foi derrotado por Ricardo, como Cássio previra.

No ano passado, Cícero resolveu se candidatar a prefeito de João Pessoa pela terceira vez. Não conseguiu atrair figuras nacionais expressivas para o palanque e não pôde contar com o apoio mais decidido de Cássio, que estava empenhadíssimo na eleição de Romero Rodrigues em Campina Grande, com a conseqüente derrota do grupo de Veneziano Vital do Rego. Romero foi vitorioso no segundo turno, derrotando a médica Tatiana Medeiros, do PMDB. Em João Pessoa, surpreendendo analistas políticos e desafiando previsões de institutos de pesquisas, Cícero conseguiu ir para o segundo turno contra o petista Luciano Cartaxo. Maranhão ficou em quarto lugar, e a candidata apoiada pelo governador, Estelizabel Bezerra, do PSB, ficou em terceiro. Cícero foi batido por Cartaxo, que recebeu apoios de deputados do PMDB. Maranhão declarou-se neutro na finalíssima, contrariando a expectativa de Lucena de vir a contar com o seu apoio. Nas condições de temperatura e pressão que pontuaram a campanha de 2012, a performance de Cícero foi positiva, por desbancar Maranhão e Estelizabel e ir para o segundo turno. Ainda assim, não houve reforço mais ostensivo por parte da cúpula nacional tucana. Nem por isso Cícero passa recibo de desagrado, pelo menos publicamente. O seu vice na chapa de 2012 foi o médico Ítalo Kumamoto, que se lançou pelo PSC em meio a uma queda de braço com o presidente estadual Marcondes Gadelha, partidário do apoio a Luciano Cartaxo. O vice de Maranhão, ex-vereador Aristávora Santos, apoiou Luciano Cartaxo. Nos últimos dias, oficializou seu desligamento do PTB alegando estar cansado de ser injustiçado pelo partido.