O Clã Cunha Lima, sabe perfeitamente que não tem quadros para encabeçar uma chapa de oposição, com chances de enfrentar o pré-candidato a reeleição, governador João Azevedo. Esta mesma realidade insofismável, é concebida (intramuros) pelo MDB, ao observar a falta de entusiasmo da classe política, que não enxerga estrutura no desejo “utopista” do Senador Veneziano Vital do Rego, e sua “solitária” empreitada de chegar ao Palácio da Redenção em 2022.
Ex-governador Cássio Cunha Lima, “machucado” por duas derrotas consecutivas (2014/2018), está sem discurso “motivacional” que o estimule a uma terceira tentativa “majoritária”. A inteligente “distensão” imposta por João Azevedo, esvaziou o “pastoril” Cunha Lima x Ricardo Coutinho x José Maranhão, este último, em seu repouso eterno.
A dinâmica da política pôs o PSDB em declínio. Uma agremiação que corre o risco de se tornar “nanica” em nível nacional, após o pleito de 2022. A aventura João Dória – referência tucana – será mais desastrosa que a de Geraldo Alckmin em 2018. Alckmin até se afastar do governo – próximo ao pleito – era muito bem avaliado pelo seu Estado (SP), responsável por 1/3 do PIB do Brasil. Mas, a onda “Bolsonarista” radicalizou a eleição entre direita e esquerda. PT x Bolsonaro. O que mudou desde então? Nada.
O acordo João Azevedo/Romero Rodrigues, foi a costura mais que perfeita para sobrevivência política dos Cunha Lima, principalmente para aqueles que integram a ala “Cassista”. Com o fim das famigeradas coligações, só o governo e sua “máquina” têm condições de eleger metade dos parlamentares federais e estaduais.
João Azevedo – que perdeu para o desconhecido Lucélio (2018) em Camina Grande – não subestima o comportamento “sincericida” da cidade, que detesta o PT, abomina as esquerdas e despreza comunistas. A direita – quem a represente ou se identifique com ela – sempre venceu na Rainha da Borborema. Collor de Melo – Ronaldo era Prefeito do PMDB e não conseguiu votos para Ulisses Guimarães – Fernando Henrique Cardoso; José Serra; Geraldo Alckmin; Aécio Neves e Bolsonaro.
O pleito certamente será “estadualizado”, distante do radicalismo nacional, para ser consumado no primeiro turno. Bolsonaro pode até perder em todo o país. Mas, em Campina Grande, se repetira o fenômeno “antipetista” das eleições de 2006: a única cidade do interior nordestino que o tucano venceu.
A rebeldia desagregadora de Cássio Cunha Lima – se for aceita por Romero – terá um custo: sacrificará a carreira política de seu filho Pedro, a de Romero Rodrigues ou de ambos. Ele substituirá Pedro, como candidato a deputado federal? PSDB, em quaisquer circunstâncias, dificilmente elegerá três representantes para Câmara dos deputados. Cássio ou Pedro, Rui Carneiro e Romero? Pelo coeficiente eleitoral previsto – algo em torno de 200 mil votos – a legenda terá que obter cerca de 600 mil, número de sufrágios conquistados por Cássio em 2018 para o Senado, ficando em quarto lugar (601.333). Entre 2014/2018, Cássio – se não os perdeu – tomaram-lhes mais de 400 mil votos.
Perda de apoios importantes como o de Cícero Lucena, prefeito do maior colégio eleitoral do estado, tem um peso significativo. Esta peripécia contará com apoio de Cabedelo, Patos; Sousa e Cajazeiras?
Quanto a Campina Grande, Bruno Cunha Lima é muito jovem. Tem que escrever sua própria história, realizando uma gestão diferenciada e voltada para recuperar a autoestima do povo desta terra: o “Campinismo”. Sua eleição será plebiscitária – em 2024 – e não ano vindouro. Queimará cartuxos numa batalha perdida, ou os guardará para usá-los em sua defesa no “Campo da Honra” de 2024?
Fonte: Junior Gurgel
Créditos: Junior Gurgel