É de estupefação o sentimento de qualquer pessoa, com o mínimo de bom senso, ao assistir a mais recente live semanal do presidente da república, quando declara que “pessoas totalmente imunizadas com a vacina da Covid-19 estão desenvolvendo AIDS”, segundo relatórios oficiais do governo do Reino Unido. A informação já foi desmentida por especialistas do mundo inteiro e pelo próprio governo britânico. O facebook e o instagram retiraram o vídeo do ar, justificando que suas políticas não permitem que sejam divulgadas alegações de que os imunizantes contra o Coronavírus causem doenças ou mortes.
O Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido esclarece que a publicação, utilizada pelo chefe da nação, é de um site que propaga fakenews e teorias da conspiração. O que causa perplexidade é o fato de que a mensagem falsa foi divulgada pela maior autoridade do país, alimentando a campanha antivacina.
Esse senhor precisa tomar consciência de que exerce o cargo de presidente da república. Não é um administrador de quarteirão. Tudo o que ele fala, repercute de forma positiva ou negativa perante a opinião pública. Principalmente entre os seus fanáticos seguidores, por mais absurda que possa ser a afirmação, como é o caso. A comunicação rompe os limites da irresponsabilidade.
O Brasil precisa de uma liderança séria e comprometida com a vida e a saúde de sua população. Não pode ficar à mercê de desvarios produzidos pelo chefe do executivo nacional. Questionar os fundamentos da ciência, com o propósito de descredibilizar a eficácia das vacinas, é uma atitude absolutamente inaceitável. Ainda mais quando essa dúvida é provocada por aquele que deveria ter a obrigação de encorajar seus governados a aderirem à vacinação, dando um péssimo exemplo quando enfatiza de que tomou a decisão de não se vacinar.
O que nos deixa mais tranquilos é perceber que a taxa de confiança na vacina é cada vez mais alta no Brasil, o que demonstra a recusa do brasileiro em aceitar como verdades esses disparatados pronunciamentos. São poucos, felizmente, os que embarcam nessa posição contrária ao engajamento em favor das vacinas. Talvez seja o único líder político da História a desestimular a vacinação. Pesquisas têm revelado que mais de oitenta por cento dos brasileiros acredita na eficácia das vacinas contra a Covid-19. Isso, no entanto, não diminui a gravidade da declaração do presidente, ao apregoar uma escandalosa e perigosa mentira. O pior é que deve ter gente, muita pouca imagino, que bota fé no que ele fala.
Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba