Um grupo de 63 congressistas dos Estados Unidos enviou nesta quinta-feira (14), uma carta ao presidente Joe Biden em que pede que ele reveja a oferta para que o Brasil se torne um parceiro global da Otan (Organização Tratado Atlântico Norte) e revogue a condição de aliado extra-Otan concedida ao país ainda no governo de Donald Trump.
O status como aliado militar preferencial dado ao Brasil facilita a compra de tecnologia militar e armamentos dos EUA, garante a participação das Forças Armadas brasileiras em treinamentos promovidos pelo Pentágono, além de outros benefícios militares.
“Precisamos rever isso para assegurar que não estamos fortalecendo um Exército que pode ser usado para um golpe de Estado”, afirmou à BBC News Brasil o congressista Hank Johnson, democrata veterano na Câmara autor do ofício enviado à Casa Branca.
Segundo Johnson, “Bolsonaro já demonstrou que está organizando as condições para um golpe militar. É um cenário alarmante para o Brasil e nosso país não pode contribuir com isso”.
A carta, à qual a BBC News Brasil teve acesso com exclusividade, é endossada por mais de um quarto da bancada democrata na Câmara dos Deputados, que tem maioria na Casa.
Na missiva, os parlamentares, entre os quais expoentes do partido como Alexandria Ocasio-Cortez (conhecida como AOC), afirmam que o presidente Jair Bolsonaro fez “ameaças à jovem democracia do Brasil” e que “declarou que não vai aceitar o resultado das próximas eleições se elas acontecerem conforme as regras atuais”, isto é, sem o voto impresso pela urna eletrônica – mudança que o presidente encampou publicamente mesmo após a derrota da proposta no Congresso.
“Achamos isso particularmente preocupante porque Bolsonaro trouxe mais oficiais militares para sua administração do que qualquer outro presidente desde que a democracia no Brasil foi restabelecida, criando conflitos entre instituições governamentais e as forças armadas”, afirmam os 63 congressistas na carta a Biden.
Eles se referem, por exemplo, ao episódio noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo no qual o general Walter Braga Netto, ministro da Defesa, teria supostamente enviado emissários para dizer ao presidente da Câmara Arthur Lira que as eleições não ocorreriam se o voto impresso não fosse aprovado no legislativo. Braga Netto negou que tenha feito essa ameaça mas, em nota, defendeu que a “discussão sobre voto impresso auditável é legítima”.
Fonte: Terra
Créditos: Polêmica Paraíba