O ano de 2021 certamente é um dos piores da vida para várias gerações de torcedores trezeanos. Ao todo, o clube venceu apenas 6 partidas em toda temporada, acumulou eliminações, vexames, viu seu clube ir parar no Ministério Público do Trabalho devido ao abandono dos atletas em um surto de Covid-19, oferecendo apenas um kit de medicamentos ineficazes contra a doença como medida de auxílio aos seus funcionários, salários sempre atrasados, várias reformulações e jogador importante sequer sendo inscrito para partida decisiva.
Tudo deu errado, e assim como seu ex-companheiro João Leonardo, atacante e então artilheiro do Treze, fez ainda no início de junho, quatro meses depois foi a vez do goleiro Jeferson desabafar. Ao fim da partida, para a repórter Ana Flávia Nóbrega, do Nordeste FC Sportingbet e do Voz da Torcida, ele expôs a situação dele e de seus companheiros dentro do Presidente Vargas. O arqueiro admitiu que com tantos atrasos salariais e falta de estrutura, só não chegou a passar dificuldade devido ao “pé de meia” que fez ao longo de sua carreira.
– Foi um ano muito difícil, nós sabemos que da realidade. O que posso dizer é que a situação não pode continuar deste jeito que está. Eu mesmo, minha situação aqui, são seis meses de salários atrasados só do ano passado, e esse ano é o quinto mês. É uma situação difícil. Se não tivesse minhas economias, com 35 anos tenho minhas economias guardadas, mas acaba só tirando bolso, tirando e tirando. O nosso torcedor não sabe da realidade. Não é que eu esteja falando, jogando a culpa para Fulano ou Cicrano. Acho que tem que se reunir as pessoas. Você vê situação do Treze hoje, está virando chacota, e não pode, porque a camisa é muito forte, a camisa é muito grande, tem um peso enorme, mas a situação não pode continuar. Todo dinheiro que entra fala que está bloqueado, a gente nunca vê esse dinheiro. Quando vai receber, recebe 50%, dá um vale para os jogadores, não é justo. Acho que as pessoas não sabem da situação que nós enfrentamos. Não estou aqui culpando A ou culpando B, mas tem que ter uma reviravolta, ter uma revolução no Treze. Tem que parar para pensar. Todo dinheiro que entrar está bloqueado e jogador não recebe. Somos trabalhadores normal, como todos, só estamos brigando por justiça – declarou.
Com 35 partidas disputadas com a camisa do Galo da Borborema, Jeferson, por diversas vezes, foi o melhor jogador em campo, e se o goleiro trabalha demais, expõe o frágil trabalho realizado no clube. E não só por treinadores. Ele foi dirigido por Celso Teixeira, Moacir Júnior, Márcio Fernandes, Marcelinho Paraíba, Tuca Guimarães e, agora, Wellington Fajardo. Diversos estilos e os mesmos problemas, o que provam que o que acontece dentro de campo é reflexo do abandono que a estrutura trezeana vive nos últimos anos.
Inclusive, sobre Marcelinho Paraíba, o camisa 1 não entende ainda o motivo de sua demissão após boas partidas na Copa do Nordeste, apesar de um desempenho péssimo no Paraibano.
E mesmo sabendo que, especialmente depois de sua declaração, seu futuro no clube seria abreviado – antes do fim da Série D ele chegou as vias de fato com o gerente de futebol, Fernando Gaúcho -, o arqueiro demonstrou preocupação com a sequência da instituição Treze Futebol Clube.
– Desculpa esse desabafo, mas desde o início do ano a gente vê a situação do próprio Marcelo (Marcelinho Paraíba, ex-treinador do Galo), fazendo um bom trabalho e, de repente, tiraram ele, e as coisas começaram a desandar. Eu sei minha situação, hoje não faço mais parte do clube, eu acho, mas essa nova direção, com o Paiva, que colocou o peito a frente dessa situação, as pessoas tem que ajudar ele, que ele é uma pessoa boa, pessoa correta, uma pessoa coerente. O Treze é grande, com a força desse clube aqui, não pode acontecer essa situação, não é justo, o torcedor está envergonho, está cansado, então tem que mudar. Se chegou nessa situação, tem que mudar alguma. Quando eu sair vou fazer uma nota explicando porque estou saindo. Daqui a pouco vou embora, o Treze continua, mas não quero ver do jeito que está – encerrou.
Jeferson lembrou também que chegou para uma disputa de Série C no clube, em 2019, e que sai com o calendário alvinegro constando apenas o Campeonato Paraibano para 2022. Ele admitiu que ele e os companheiros também são responsáveis, mas em escala pequena devido as condições de trabalho oferecidas por quem está no comando.
Diferente de quem dirige o Treze, que desde 8 de junho bloqueou as redes sociais para comentários, o goleiro, após a derrota por 3 a 1 para o Floresta, foi para perto da arquibancada ouvir alguns dos poucos 329 torcedores que nutriam uma mísera esperança, descabida devido ao contexto, de que o ano do clube acabasse de forma melhor.
Fonte: Voz da Torcida
Créditos: Voz da Torcida