saúde da mulher

OUTUBRO ROSA: conheça os mitos e as verdades sobre o câncer de mama e saiba como realizar exames preventivos pelo SUS, na Paraíba

O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Somente em 2021, estimam-se outros 66.280 novos casos, o que representa uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.00 mulheres. Para compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença foi criado o movimento internacional Outubro Rosa, e a Bússola conversou com a mastologista Fernanda Maria Marinho, da Casa de Saúde São José, que falou sobre as principais dúvidas e mitos relacionados ao câncer de mama.

É possível estar com câncer de mama e não sentir nada?

Verdadeiro: a médica ressalta que por isso o rastreio com mamografia anual a partir dos 40 anos é tão importante. Segundo ela, a doença nos estágios iniciais pode se apresentar sob a forma de microcalcificações ou nódulos impalpáveis e o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura com o tratamento adequado.

Todo nódulo na mama é câncer?

Falso: Fernanda explica que, ao longo da vida, nosso corpo pode apresentar uma multiplicação desordenada de células e formar nódulos nas mamas, mas nem sempre estes nódulos trazem risco para a mulher. Ela destaca que a maioria dos nódulos é benigna e não apresenta risco de virar câncer de mama.

“Porém, é essencial manter seu controle com uma mastologista e, caso apareça algum nódulo novo, procure logo sua médica para investigação completa. Faça seu rastreio anual”, afirma.

O mesmo vale para o cisto, que é uma alteração benigna das mamas muito frequente. Geralmente não dói e a maioria é impalpável. O diagnóstico é feito através da ultrassonografia, que consegue diferenciar lesões de conteúdo sólido das de conteúdo cístico.

De acordo com a especialista, na maioria dos casos, o cisto mamário é preenchido por líquido e não há risco de se transformar em câncer de mama.

Todas as pacientes diagnosticadas com câncer de mama precisam fazer quimioterapia?

Falso: o uso deste tratamento é bem frequente, mas em muitos casos não é necessário. Segundo a médica, a decisão em relação ao uso ou não de quimioterapia é baseada em vários fatores: tamanho do tumor, se há ou não doença na axila, características do tumor, dados do estudo imunohistoquímico, condições de saúde da paciente, entre outros. Ela aponta também que, atualmente, há diferentes tipos de quimioterapia, com menos efeitos colaterais.

Caso Angelina Jolie: pacientes com histórico familiar têm indicação para retirada de todo o tecido mamário em caso de nódulos, com o objetivo de evitar um câncer de mama?

Falso: de acordo com a médica, em torno de 10% dos casos de câncer de mama são relacionados a uma predisposição genética, mas para maioria das pacientes (90%), o câncer se inicia por mutações aleatórias adquiridas ao longo da vida.

“Portanto não há comprovação de benefício na realização desta cirurgia para todas as mulheres, já que é um procedimento de grande porte e com seus riscos. Não é simples como uma plástica estética das mamas. Vale informar ainda que os testes genéticos possuem uma complexidade de indicação e interpretação e não devem ser solicitados de forma indiscriminada para qualquer mulher, é muito importante consultar uma mastologista”, declara.

O uso de determinados sutiãs (com aro metálico, sem alça) pode estar associado ao câncer de mama?

Falso: também não há comprovação científica para o argumento do sutiã apertado ou justo que “gera dificuldade na circulação sanguínea e ativa as células malignas”. A ideia de que a lycra ou outros tecidos sintéticos “não deixam a mama respirar” e, portanto, facilitam o câncer também não procede.

Câncer de mama é uma doença multifatorial com alguns fatores de risco modificáveis, como obesidade, sedentarismo, consumo de álcool, alimentação rica em alimentos ultraprocessados.

Hábitos alimentares saudáveis contribuem para a reduzir a mortalidade em mulheres com câncer de mama?

Verdadeiro: estudo no publicado no Journal of Clinical Oncology, em 2021, revelou o impacto da mudança de hábitos alimentares em pacientes na pós-menopausa. Foi implementada uma redução da gordura na dieta (de 35% para 20%) de 48.000 mulheres por 8,5 anos entre 50 e 79 anos, o que permitiu avaliar a incidência e a evolução do câncer de mama no período do estudo. Segundo a médica, o resultado foi a diminuição de 15% de risco da mortalidade em pacientes com câncer de mama.

“A recomendação atual é que a maior parte da refeição tenha uma mistura de vegetais coloridos, grãos, castanhas, feijão e até frutas. Aproximadamente 30% ou menos do prato deve conter proteínas animais (carne, ovos, laticínios). Evite carnes processadas, álcool e açúcar. Tenha hábitos mais saudáveis e reduza seus fatores de risco”, afirma.

Mulheres com câncer de mama não devem fazer exercício físico?

Falso: diversos estudos na literatura médica comprovam o benefício da prática regular de exercícios físicos, como melhora do metabolismo e do sistema imunológico, redução da fadiga e dos efeitos colaterais do tratamento, prevenção da ansiedade e depressão. Fernanda explica que a atividade física deve ser adaptada aos interesses e necessidades de cada pessoa, sempre com orientação profissional.

“Comece devagar e, aos poucos, vá aumentando a frequência e a intensidade. Escolha sua modalidade e converse com sua mastologista”, diz.

REALIZAÇÃO DO EXAME PELO SUS 

Durante todo o mês de outubro, o CEDC vai oferecer às mulheres da Paraíba, a partir dos 40 anos, por demanda espontânea, a realização de 100 mamografias de rastreamento, diariamente, das 7h às 19h, e ainda terá atendimento às mulheres indígenas para a realização do mesmo exame, em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI).

O Centro ainda disponibilizará consultas com mastologista, pela manhã e à tarde, e também serão feitas biópsias dos nódulos mamários suspeitos para câncer, diagnosticados em mamografia e ultrassonografia.

O governador João Azevêdo ressaltou a humanização do serviço de saúde prestado no CEDC e reforçou a importância do diagnóstico precoce. “Esse é um passo importante para a cura e se faz necessário que a gente fortaleça a campanha este ano para que as mulheres de todo o estado compreendam a necessidade de fazer os exames. Nós estamos fazendo investimentos importantes na área e, brevemente, teremos uma nova sede do CEDC com uma melhor estrutura e ampliando o atendimento para os homens, garantindo o acesso à prevenção”, frisou.

O secretário de Estado da Saúde, Geraldo Medeiros, destacou a resolutividade dos serviços prestados no CEDC. “Nós temos um tomógrafo de última geração e este acesso pode ser espontâneo ou através dos PSFs, sendo fundamental que as Secretarias Municipais entendam a importância do Outubro Rosa, principalmente agora com a transição pós-Covid em que estamos observando uma queda acentuada na realização das mamografias. O diagnóstico precoce do câncer de mama permite a cura de até 95%, daí a importância do acesso fácil, da prevenção e do diagnóstico”, comentou.

A diretora geral do CEDC, Roseane Machado, enfatizou a importância do cuidado periódico da saúde da mulher. “Se a mulher faz a sua mamografia a cada ano, ela vai perceber se houve alguma alteração e diagnosticando a lesão na fase inicial, a chance de cura é maior, além de o tratamento ser bem mais conservador, com procedimentos menos agressivos à paciente. Nós funcionamos de segunda a sexta, não só no Outubro Rosa, por isso chamamos a atenção das mulheres para a relevância do cuidado com a mama porque esse é um câncer indolor e precisa de um diagnóstico precoce”, comentou.

A aposentada Laudelina Gonçalves, de 79 anos, afirmou que sempre vai ao CEDC no mês de outubro para fazer a mamografia. “Eu gosto muito do atendimento do local, somos bem atendidas, a gente não enfrenta fila e é tudo muito rápido. Eu digo a todas as mulheres que façam os seus exames que são muito importantes para evitar problemas futuros”, disse.

CEDC – O Centro Especializado de Diagnóstico do Câncer (CEDC) é o serviço de referência estadual para o diagnóstico precoce do câncer de mama e colo uterino, oportunizando às mulheres paraibanas a cura do câncer mamário.

Em um único local, a mulher tem a oportunidade de realizar todos os exames para o diagnóstico precoce do câncer de mama, desde mastologista; mamografia; ultrassonografia; punção de cisto mamário; biópsia de mama, através de procedimento minimamente invasivo e anatomopatológico (exame que vai confirmar ou não se a lesão é positiva para câncer).

Em breve, o CEDC estará de casa nova. O novo endereço será na Avenida Epitácio Pessoa, com uma infraestrutura mais ampliada, oferecendo mais conforto aos usuários do SUS. No momento, a casa está em fase de adequações dos espaços físicos e ampliação da estrutura.

Além das novas instalações do CEDC, a SES está também adquirindo novos equipamentos para o Hospital do Bem, em Patos, que atende casos de câncer de mama, colo de útero, próstata e pele.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba