Patrocínio: Precedentes de uma "Via de Mão Dupla"

Bruno Filho

Começou o Campeonato Paraibano, e como era de se esperar de uma forma confusa. Logo na primeira rodada, tivemos uma partida adiada a pedido do Cruzeiro de itaporanga que ainda não havia regularizado jogadores de seu elenco para a disputa. Precedente aberto.

Um pouco antes ameaças vindas da Promotoria Pública que não queria liberar os estádios por falta de laudos técnicos os quais chegaram rapidamente assim que houve um aperto por parte do Promotor. De quase suspenso o campeonato viabilizou-se em poucas horas. Precedente perigoso.

Logo após o primeiro jogo do Botafogo, denúncias de que poderia ter havido desvio de ingressos no Estádio da Graça, com bilhetes voltando das dependencias internas pelas grades e sendo reutilizados já que devido a uma promoção os mesmos não eram rasgados. Precedente reincidente.

Na primeira súmula o árbitro responsável pelo jogo, relata que foi agredido por bagaços de laranja e copos arremessados para dentro do gramado, assim como teria sido pressionado na saida de seus vestiários num local aonde não deveriam estar torcedores. Precedente sem solução.

Não suficiente, aparece no meio da semana uma festa de lançamento do patrocinador do campeonato, como se fosse o unico do país a ser beneficiado com este presente. Fazendo demagogia pura foi dito que tinha sido conquistado este patrocinio mediante muito trabalho. Precedente deslavado.

Faltou verdade. O mesmo patrocinador está em 20 dos nossos 27 campeonatos, é um pacote costurado pela CBF e que foi dado de presente a nossa FPF, que custará caro no futuro, pois certamente será usado como moeda de troca na hora das eleições que se aproximam. Precedente vexatório.

Poucos reais são dados de esmolas as federações que em troca tem que ceder suas almas a Marco Polo Del Nero e as futuras gestões do futebol brasileiro, as vesperas de uma Copa do Mundo. imaginem o quanto de dinheiro vai girar no entorno da Copa do Mundo ? Quem não gostaria de ser o presidente da CBF ? Precedente milionário.

Continuamos na mesma. Uma pouca vergonha que cerca o futebol. Os anos passam, as figuras são as mesmas, o torcedor enganado e apaixonado não consegue enxergar a maldade que é feita. Os jornalistas do bem ou pelo menos aqueles que são profissionais honestos tentam mas não conseguem lutar. Precedente injusto.

Não vejo data para isso acabar. Só acaba se houver uma vontade política. E políticos honestos não colocam as mãos no futebol, querem é distância. O que resta é aguardar a vinda de um “messias” do esporte, alguem que possa salvar o Brasil dessa podridão. Precedente impossível.

Os clubes tem direções viciadas. Os estatutos são manipulados. As Federações nas quais eles se escoram são cabides de emprego e de boa vida. Afinal qual seria a vantagem financeira de ser presidente de uma federação por mais de 25 anos ? Precedente duvidoso.

Consequentemente o que tem de vantagem ser presidente da CBF ? Se não for por vontades excusas e só por amor teríamos outros personagens mais adequados, principalmente aqueles que já estiveram nos campos durante a vida inteira. Precedente lógico.

Não é assim. Aparece uma montadora, paga míseros reais para fazer propaganda de seus automóveis e conquista centenários clubes com migalhas. Depois vai embora e fim de papo. Comprou muito por quase nada. Os dirigentes se aproveitam disso tudo e se eternizam no poder. Precedente triste.

Em alguns Estados, este mesmo patrocinador deu a dirigentes um carro “top” de linha para que eles usem em benefício próprio. O presidente do Palmeiras que é patrocinado por outra montadora pegou o carro escondido mas deu azar. Bateu na primeira volta com o veiculo. Bem feito ! Castigo. Precedente justo.

Estou cansado de tanta podridão. São quase 40 anos trabalhando no meio desse lôdo. Essa sujeira me enoja, não vejo mais graça na bola rolando, pois sei que por trás dela que é redonda, existem esquinas negras, encruzilhadas fedorentas frequentadas por seres do mal. Precedente de tristeza.

Bruno Filho, jornalista e radialista, tem responsabilidade com o torcedor e só com ele.

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