O picolé e a manga

Marcos Tavares

A comunicação do prefeito Luciano Cartaxo apressou-se em declarar que os oitenta mil reais pagos à cantora Daniella Mercury não vinham de fundos municipais, mas de patrocinadores particulares. Tudo bem. Nada a estranhar. A estranhar temos o fato de essa política autofinanciadora não ser seguida pelos outros blocos, o que fez o carnavalesco alcaide dispensar mais de dois milhões de um orçamento apertado para a folia. Tivessem todos os blocos seguido o exemplo meritório do Picolé de Manga, o contribuinte pessoense não veria seu rico dinheirinho assim desperdiçado num carnaval de poucos, tão poucos que nem chegam ao Carnaval.

Perguntamos: quanto vai receber o chamado Carnaval Tradição, esse sim, tradicional, necessitado e que todo ano tem de mendigar uns trocados para ir às ruas? Esse é o verdadeiro carnaval do povo, da periferia que lota a Duarte da Silveira para ver suas escolas, blocos e troças. O universo que preenche a Epitácio Pessoa seguindo os trios do Folia de Rua é de uns poucos apaniguados, gente que não vê a hora o Carnaval chegar para dar adeus a nossa capital e correr para Olinda, Fortaleza, Recife, enfim para bem longe do maltrapilho carnaval local que agoniza a olhos vistos.

Não vejo nada em contrário que proíba o Picolé de Manga de receber igualmente seus benefícios dessa generosa doação municipal. Ele é um bloco com história, muito embora sua história se confunda com a história política do prefeito. Talvez por isso esses pruridos e essa providência salvadora de ir buscar fora do poder público dinheiro para o lazer porque bem antes dos blocos, do Folia de Rua e do Carnaval estão as escolas em péssimas condições, os hospitais superlotados, um trânsito que não anda e uma cidade que votou esperançosa, não por folia, mas por trabalho.

Rescaldo
Veneziano saiu muito machucado dessa eleição e desse fim de gestão. Tão machucado que não foi poupado nem pelo filho de sua candidata, Tatiana Medeiros, que denunciou a existência de uma “quadrilha” dentro da Prefeitura de Campina.
Denúncias de adversários doem, mas denúncias de amigos, de gente que esteve dentro da administração e da campanha trazem um cunho de verdade que fica difícil de desmentir.
Vené vai ter de contar muitas histórias ao eleitor de Campina Grande.

Denúncias
O Tribunal de Contas do Estado dispõe de uma Corregedoria onde qualquer cidadão – jornalistas inclusive – podem despejar suas mágoas e denúncias desde que devidamente documentadas e não baseadas em hipotéticos relatórios de “competentíssimos técnicos”.
Essas denúncias – e essa competência – precisam de alguém assinando embaixo ou caem na denúncia vazia. E deixam uma nítida impressão de interesse contrariado.

Bola Fora

Como é que vamos sediar treinamento de seleções com todos nossos estádios interditados?
Alguém imagina Messi jogando na Graça?

Defenestrado
Walter Brito sai do grupo ricardista, onde tinha polpuda assessoria no Gabinete do Governador.
Segundo as más línguas de plantão, ele teria flertado com a candidatura de Tatiana e feito corpo mole na campanha.

Estranho
Longe de mim brigar com os números, mas não vejo nas ruas essa propalada diminuição do número de homicídios no Estado.
Basta sintonizar qualquer desses programas que tem o sangue como matéria-prima e entender o que eu digo.

Nomeações
A prefeitura da capital lidera o ranking de funcionários contratados irregularmente em regimes precários.
O que ajuda a explicar a surpreendente vitória de Cartaxo.

Empurrando
Um grupo descontente do PMDB, liderado por Manuel Júnior, tomou a si a tarefa de afastar Benjamin Maranhão da Presidência do Diretório na capital.
Está na hora de dar um basta nessa associação familiar.

Moda
Sai abruptamente de moda o chapéu Panamá de palhinha que por alguns meses foi o “must” político na capital.
Em plena moda os cabelos com mechas grisalhas.

Frases…

Judiando – Os judeus criaram um Deus único por economia.
Custos – Tudo tem um preço. Principalmente o que é dado.
Trade – Turista é uma pessoa que acha sua cidade linda, mas mora na dele.