Entre o mito e a realidade

Marcos Tavares

Uma das coisas boas da democracia é a publicidade que o governo dá aos seus atos, uma espécie de prestação de contas ao contribuinte que paga o Estado. Boa, mas tentadora. Historicamente, governantes distorcem a propaganda a seu favor procurando apresentar vantagens e realizações que não são reais. A Paraíba já viu as frutas televisivas brotando do Canal da Redenção, um engodo que depois veio abaixo. Toco nesse assunto porque acho mítica essa ideia de colocar a Paraíba na rota das Olimpíadas, como igualmente foi mítica nossa inclusão na Copa, tudo porque nossa infraestrutura não comporta eventos desse tipo, grandes demais para nosso acanhado estado.

Trazer treinamentos olímpicos para a capital demandaria estádios e ginásios modernos, piscinas com toda a parafernália eletrônica, pistas cobertas e modernas. Não temos nada disso. Nosso melhor equipamento na área esportiva é o Ronaldão, que esta carente de reformas. O Dede não pode ser levado em conta como uma praça de esportes atual e nossas piscinas limitam-se às poucas existentes nos clubes igualmente imprestáveis quando se trata de uma competição olímpica. Então me pergunto, por que acalentar esse sonho tão distante? Se não conseguimos fazer o Campeonato Paraibano por falta de estádios, como vamos pensar em olimpíadas?

Cartaxo até pode pensar grande, mas peca quando pensa maior do que a cidade comporta. Jamais, na atual conjuntura, seremos sede de treinamento olímpico porque não temos nem um aeroporto nem voos suficientes para trazer várias delegações. Não temos tradição esportiva, não temos praças de esporte e, sobretudo não temos tempo nem dinheiro para construí-las. Sonhar alto é bom. Ruim é o despertar, o triste despertar que nos deixou fora da Copa e tem tudo para nos deixar fora dos jogos olímpicos.
Sorte
Napoleão dizia que seus generais precisavam ter sorte. Os políticos também. Nesse ponto o governador Ricardo Coutinho não tem o que reclamar da vida, pois as oportunidades sempre lhe surgiram no momento certo.
Agora, na tentativa de reeleição, parece que vai ser novamente bafejado pela sorte. O nome mais citado para enfrentá-lo, o de Veneziano, queimou-se no final do governo, e o senador Cássio Cunha Lima insiste em negar suas pretensões ao governo.
Tudo isso somado torna mais fácil a caminhada de regresso de Coutinho, até porque o PT não tem nomes com densidade suficiente para bater-se com ele.


Fatia

Gervásio Maia liderou a porção do PMDB que foi até Cartaxo cobrar sua fatia no bolo municipal.
Voltaram de mãos vazias, depois que o PT fez a faxina nos cargos mais cobiçados.
Mesmo assim, vão enviar uma lista de pretensões a Cartaxo e esperar até tomar uma atitude mais enérgica na Câmara e no plano estadual.
Enquanto isso, o bolo esfria.
Suspense

O caso da menina Fernanda Helen torna-se emblemático da nossa violência.
Desaparecida desde segunda-feira, pode tornar-se uma nova Rebecca na nossa triste crônica policial.
Regional
Ou a presidente Dilma Rousseff toma outra atitude com o Nordeste – que garantiu sua eleição – ou Eduardo Campos vai fazer barba e bigode jogando sozinho na região.
Circulam rumores de que Dilma já agendou viagem para a região, inclusive a Paraíba.

Retorno
O governador Coutinho, inesperadamente, disse em entrevista que aceita dialogar com os deputados que abandonaram sua base.
Mas foi enfático: não admite sair desmoralizado!

Insônia
Pelo interior da Paraíba, o clima é tenso entre o funcionalismo municipal. A vigilância do MP e a ordem de demitir os contratados irregularmente tiram o sono de muita gente.

Prestígio
Muito prestigiada a posse do novo presidente do TCE, Conselheiro Fábio Túlio Nogueira.
O local ficou pequeno para o número de amigos que foi abraçar Fábio.

Pagando
Quem entra não é tão pródigo como quem sai. A prefeitura não cobrou taxas para os ambulantes no Ano Novo.
Mas cobra agora para quem quiser vender no Folia de Rua e Carnaval.

Frases…

Passado – Todos viemos nas caravelas. Alguns da Europa, outros da África. Mas nas caravelas.
Apaixonado – A diferença entre amor e paixão é a mesma da chuva para a tempestade.
Regime – Nada atrapalha mais o crescimento do socialismo que os socialistas.