Ikaro Kadoshi nasceu em 2000, quando Tiago Liberato deu vida à sua arte. Mais de 10 anos depois desse surgimento, a artista segue sendo uma das drag queens de maior sucesso no Brasil e dando novos passos na carreira. Ao lado de Penelopy Jean e Rita Von Hunty, Ikaro apresenta o “Drag Me As A Queen”, reality show que está em sua terceira temporada e é exibido às terças-feiras pelo canal E!.
O programa tem um formato original no qual as três artistas recebem mulheres que se transformam em drag queens e durante esse processo se libertam de traumas e inseguranças do passado. A atração foi a primeira a ser apresentada por drags no Brasil. Em entrevista ao iG Queer, Ikaro e Penelopy ressaltam a importância da representatividade que elas tiveram dentro desse mundo.
Ikaro conta que por muito tempo achou que seu trabalho seria fadado a ficar somente dentro das boates, pois não via mais oportunidade de crescimento. Ao contrário do que acontece hoje, com drag queens na música, internet e televisão, antes essas artistas ficavam reclusas ao mundo da noite.
“Com dez anos de carreira eu já tinha viajado o Brasil todo. Já tinha sido a única drag queen a fazer uma turnê internacional em dez países e morar em navio. Não tinha mais para onde crescer. A minha arte tinha tanta coisa que eu ainda queria fazer, mas a visão do Brasil com a arte drag me impedia de sair da caixa”, conta a apresentadora.
“Hoje, olhando para trás, eu entendi que ser drag queen no Brasil é um exercício de amor e paciência. É preciso muito amor para enfrentar o mundo com os olhares que eles nos dão sendo drag queen. E todas nós tivemos que ter paciência de esperar o mundo inteiro modificar-se, as pessoas mudarem conceitos e ideias para entenderem de uma vez por todas que isso aqui é o lúdico de algo que pode ser agregado ao mundo de maneiras que o mundo ainda não conhece”, continua.
Penelopy Jean é a drag queen de Renato Ricci e, assim como Ikaro Kadoshi, também foi pioneira de uma certa maneira. A artista se formou em design gráfico, mas queria explorar mais sua veia artística. Foi assim que Penelopy nasceu.
“Quis fazer a diferença de alguma forma e comecei nas boates de música pop”, conta Penelopy. A drag lembra que quando começou a se montar as drags ficavam reclusas a somente algumas casas noturnas e não eram vistas em diversas festas e baladas, como acontece atualmennte.
Ela fala que com o tempo foi recebendo cada vez mais o incentivo de amigos para continuar com as montações e percebeu que poderia transformar o que até então era um hobby em profissão. Nessa mesma época, surgiu o convite do E!, e Penelopy viu sua vida mudar. “Abracei não só a oportunidade, mas também esse meu lado feminino. E levei isso na minha drag, se a gente cresce tendo esse lado reprimido, com a drag a gente extravasa e a partir daí comecei a ser feliz de verdade” diz.
As apresentadoras reforçam que a importância de estarem na televisão é mostrar para outras drags todos os espaços que elas ainda podem ocupar e que não precisam ficar restritas a algo. “Enquanto drag queen e enquanto pessoa pioneira, nós conseguimos dizer a todas as outras drag queens desse país que se você tiver amor, paciência e talento, você consegue ir para lugares inimagináveis, como nós estamos indo e vamos continuar indo”, finaliza Ikaro.
Fonte: IG
Créditos: IG