CPI

PF vê linha investigativa ‘viável’ e quer prorrogar inquérito contra Renan

A Polícia Federal vê campo para aprofundar uma investigação sobre supostos pagamentos de propina ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, e quer da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber mais tempo para tocar as apurações. O inquérito apura se o emedebista recebeu dinheiro de empresas do setor logístico e portuário em troca de influência em medidas provisórias que tramitaram no Congresso.

A Polícia Federal vê campo para aprofundar uma investigação sobre supostos pagamentos de propina ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, e quer da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber mais tempo para tocar as apurações. O inquérito apura se o emedebista recebeu dinheiro de empresas do setor logístico e portuário em troca de influência em medidas provisórias que tramitaram no Congresso.

As suspeitas são de que houve repasses a Renan por meio do lobista Milton Lyra, suposto operador financeiro do senador, em troca de benefícios na MP dos Portos e em outra MP, que desonerou a folha de pagamento a 14 setores da economia e alterou a contribuição patronal do INSS. Os dois textos tramitaram no Senado em 2013, quando o alagoano era presidente da Casa.

O despacho que pede mais tempo para as investigações, assinado pelo delegado Dhiego Melo Job de Almeida no último dia 9, chegou ao STF nesta quarta-feira, 22. Com base em um relatório policial concluído no final de junho, Almeida afirma que “ainda há linha investigativa viável para o aprofundamento das investigações”, sobretudo a respeito de pagamentos da gigante do ramo ferroviário ALL a empresas ligadas a Milton Lyra.

A PF identificou 3,2 milhões de reais em transferências eletrônicas da ALL a duas empresas, a Porte Projetos Terraplenagem e Construções Ltda. e a Link Projetos e Participações Ltda., divididos entre cinco repasses, de novembro de 2013 a janeiro de 2014. As duas empresas operavam no mesmo edifício na Avenida Faria Lima, em São Paulo, onde, segundo a PF, outras investigações apontam estar baseada uma “estrutura de lavagem de dinheiro” capitaneada por Milton Lyra.

Os investigadores também mapearam uma ligação de Lyra ao então presidente da ALL, Alexandre Santoro, no dia de um dos pagamentos, em 18 de dezembro de 2013. O lobista fez a ligação de dentro do Senado, segundo mostra o relatório.

Como revelou VEJA em junho, os investigadores haviam entrado no encalço da ALL a partir da localização de um pagamento de 700.000 reais à Link Projetos, do lobista Victor Colavitti, ligado a Milton Lyra, e da citação a Santoro em e-mails entre Lyra e o empresário Richard Klien, dono da Multiterminais e então sócio de Daniel Dantas na empresa de terminais portuários Santos Brasil, também investigado no inquérito.

Após a reportagem de VEJA, a Rumo, braço logístico do grupo Cosan que incorporou a ALL em 2015, apresentou ao STF uma lista de pagamentos suspeitos durante a gestão Santoro, hoje CEO global da International Meal Company, dona de marcas como a rede de lojas Frango Assado. VEJA revelou o conteúdo da lista, sigilosa, que totaliza 4 milhões de repasses à Porte e à Link, considerados pela empresa “atípicos” por não ter sido possível à atual gestão “identificar a existência de contrapartida ou efetiva prestação de serviços por parte das empresas destinatárias de aludidos valores”.

O delegado Dhiego Almeida anotou no despacho que o conteúdo sigiloso apresentado pela Rumo ainda não havia sido disponibilizado à PF, o que só ocorreu na quarta-feira 22.

Além da apuração sobre os pagamentos feitos na gestão de Alexandre Santoro na ALL, a PF também tem outras diligências pendentes no inquérito, como as oitivas de Santoro, Renan, Klien e Lyra.

 

Fonte: Veja
Créditos: Polêmica Paraíba