Ricardo mantém confronto com oposição e não vê motivo para concessões

Nonato Guedes

O governador Ricardo Coutinho (PSB) está disposto a manter o confronto com deputados oposicionistas que questionam matérias encaminhadas pelo Executivo à Assembleia e atitudes tomadas pela administração na relação com setores do funcionalismo e da sociedade. Em declarações feitas, ontem, o gestor alertou que o Executivo tem força e não ficará na defensiva diante do bombardeio que enfrenta. Uma fonte do seu círculo revelou ao “RepórterPB” que ele está convencido de que há em curso uma orquestração insuflada por lideranças políticas que lhe combatem, algumas das quais estão sem mandato, e por isso não vê motivo para fazer concessões que são reclamadas. Por outro lado, o governador entende que está no caminho certo e que suas ações contam com aprovação de segmentos expressivos da população paraibana, em longínquas cidades do interior que são contempladas com obras de infraestrutura que deixaram de ser feitas em outros governos.

O governador repele as insinuações de que é inacessível ao diálogo, sobretudo em torno de demandas classistas que estariam represadas. O seu entendimento é o de que tem contemplado além do esperado alguns dos setores do funcionalismo e integrantes de categorias sociais, mas trabalha em cima dos dados de uma conjuntura nacional adversa e julga que seu dever é continuar praticando uma posição de equilíbrio entre o que se reivindica e o que o Estado, realmente, tem condições de atender. “Ele não vai tolerar que prosperem ilhas de privilégios, até porque tem uma concepção diferente do modo republicano de governar, que é fundado no interesse da maioria e não de grupos minoritários que se julgam influentes ou com poder de pressão”, diagnosticou o informante palaciano. A Assembleia Legislativa continua na alça de mira de Ricardo Coutinho, diante da sua suspeita de que há manobras golpistas tentando inviabilizar a sua gestão e, por tabela, dificultar condições de elegibilidade do chefe do Executivo para disputas eleitorais futuras. Ricardo acredita que essa estratégia de integrantes do Legislativo é suicida e não encontra respaldo na opinião pública consciente do Estado.

Enquanto o deputado Hervázio Bezerra (PSDB), líder do governo, movimenta-se para assegurar a plenitude da maioria dos votos favoráveis ao oficialismo, o governador prepara-se para submeter o Legislativo a um novo teste, insistindo na aprovação do pedido de autorização para contratação de empréstimo com o BNDES destinado ao saneamento financeiro da Cagepa, empresa estatal de água e esgotos. O pedido de autorização vem se arrastando desde a legislatura do ano passado e ensejou consultas informais do Palácio da Redenção sobre o êxito de recursos ao Judiciário para fazer frente ao veto oposto pelos parlamentares. Mas, coerente com o seu estilo de não fugir de brigas, o governador pretende que a questão seja decidida novamente no voto, em plenário.

O resultado da nova votação forneceria a Coutinho subsídios sobre a real confiabilidade da bancada de sustentação na Assembleia Legislativa. O oficialismo tem feito remanejamentos nos últimos dias, num esforço para atrair adesões suficientes que lhe dêem tranqüilidade nos embates em plenário. A bancada estaria aumentando progressivamente, nos cálculos do deputado Hervázio Bezerra, embora o Partido Ecológico Nacional, PEN, conduzido pelo presidente da AL, Ricardo Marcelo, continue recebendo adesões, a mais recente delas a do deputado e ex-governador Wilson Braga. A fonte que acionou o “RepórterPB” reafirmou que o governador Ricardo Coutinho não vai se deixar intimidar por focos radicais de contestação aos atos administrativos e advertiu que ele se utilizará da mídia, em todo o Estado, para nominar parlamentares que estariam prejudicando os interesses da Paraíba e a evolução do seu processo de desenvolvimento.

Ricardo Coutinho está convencido de que deputados que lhe fazem oposição sistemática estão fadados a um insucesso nas urnas em 2014, quando tentarem a renovação dos seus mandatos, e acredita que a mudança de postura deveria partir desses políticos que, no dizer da fonte, ainda não assimilaram a realidade de mudanças sinalizada pelo eleitor em disputas eleitorais pontuais. O que Ricardo tem dito aos componentes do seu núcleo íntimo é que não vê razões para fazer barganha nem se submeter ao que chama de caprichos de parlamentares acostumados a fisiologismo desde outros governos. Daí porque vai insistir na linha que tem empreendido sem qualquer receio. “Na hora certa, a Paraíba tomará conhecimento dos nomes dos que estão trabalhando contra ela”, finalizou o informante, deixando no ar um tom de ameaça subliminar diante da resistência urdida pelo grupo que não dá trégua a Coutinho na Assembleia.