O aumento da conta de luz decorrente da bandeira vermelha justificada pela “escassez hídrica” fez aumentar ainda mais o interesse na instalação de sistemas de energia solar. Uma das alternativas, a geração de energia solar fotovoltaica, contava, no mês de junho, com 5.891 MW de potência instalada entre os consumidores de baixa tensão e pode ser fundamental na economia. No entanto, ter painéis solares não é apenas uma questão de dinheiro.
Para os clientes de baixa tensão, residências, pequenas empresas e indústrias, por exemplo, que pagam de R$ 300 a R$ 12 mil na conta de luz, a geração distribuída fotovoltaica é uma saída apontada para gerar a própria energia e reduzir o valor pago pelo consumo.
No Brasil, segundo dados do começo do mês de junho deste ano da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar), 99,9% de todas as conexões de micro e minigeração distribuída são da fonte solar fotovoltaica, tendo ao todo 505.415 sistemas fotovoltaicos conectados à rede, com o segmento residencial respondendo por mais de 75%.
No mercado, o avanço da tecnologia e a procura dos consumidores têm forçado um movimento de barateamento dos equipamentos necessários para a geração, bem como impulsionado os caminhos de acesso ao crédito para financiar a compra. Mas o que levar em conta com tantas opções disponibilizadas?
De acordo com o consultor em Eficiência Energética do Senai, Ricardo Chalegre, antes mesmo de chegar ao banco, uma série de fatores precisam ser avaliados.
“É preciso ver primeiro se você tem uma área útil disponível no telhado, sem sombreamento, e estrutura para suportar o peso adicional a ser colocado. Normalmente esse aval é dado por um engenheiro civil, e precisa ser feito antes mesmo da contratação de uma empresa para instalação. Deve-se levar em consideração um aumento de 18 kg por metro quadrado no seu telhado”, explica Chalegre.
Ainda de acordo com ele, depois do aval de um engenheiro, é preciso verificar se a área disponível vai suprir a necessidade de geração, considerando a quantidade de painéis necessários para atender a demanda de energia, o que pode ser feito através de simulações com empresas especializadas e o próprio Senai. “Depois disso ainda precisa avaliar a tecnologia, ponderando o custo/benefício dos equipamentos, pedir um orçamento e, só depois, correr atrás de um financiamento”, reforça o consultor.
Para a geração, são levadas em consideração duas tecnologias de inversores, que variam entre si em relação aos custos e tempo útil. “Temos inversores convencionais, que surgiram primeiro, e inversores com tecnologias mais avançadas. Os convencionais têm garantia entre cinco e 10 anos. de cinco a 10 anos. Já os microinversores, mais novos, têm garantias de dez anos, podendo se estender até 25 anos – são equipamentos que a garantia do fabricante é bem maior, a vida útil é superior e são mais seguros para fazer um financiamento a longo prazo”, resume.
Os inversores são responsáveis por fazer a conversão que possibilita o uso da energia elétrica gerada a partir da energia solar fotovoltaica. A diferença de preço entre os sistemas pode chegar ao 30%.
Segundo Chalegre, os equipamentos com a garantia menor são mais robustos, têm potencial maior, porém estão mais vulneráveis à queima por algum problema e podem facilmente parar de funcionar. Um microinversor é mais caro, mas se tiver um problema elétrico ele afeta um trecho pequeno do sistema, já que normalmente está conectado a uma ou duas placas do equipamento.
Passada toda essa fase da avaliação e adequação para instalação e queira financiar a compra dos equipamentos, projeto e instalação, é hora de procurar uma instituição que forneça crédito com essa finalidade. Na contratação, além do custo do crédito em si, é preciso ter em mente todos os pontos elencados acima, além do prazo para alcançar o ponto de equilíbrio entre o custo de energia já pago atualmente e o valor das parcelas.
“Temos visto um aumento no número de linhas de financiamento e melhoria nas condições em diversos estados do País. Você consegue financiar e pagar a parcela do financiamento com a economia que tem na conta de luz. O que há de complicado ainda são algumas garantias pedidas, mas de forma geral isso tem melhorado. O custo do crédito tem variado já entre 0,79% ao mês para pessoa física e 0,74% para pessoa jurídica, com prazos até dez anos”, resume a vice-presidente de financiamento da Absolar, Camila Ramos.
Segundo especialistas, um financiamento de forma que o valor da parcela fique próximo da economia da conta chega à fase de equilíbrio geralmente quando parcelado entre 60 a 72 meses. “O mercado trabalha com preço de quilowatt hora pico (kWp instalado), esse valor varia muito de acordo com o dólar, mas podemos considerar o preço de R$ 4,5 mil para um sistema inverso centralizado e de R$ 5 mil a R$ 5,5 mil para microinversores. Esse preço considerando a aquisição do material, mão de obra, tudo pronto”, esclarece Chalegre.
Fonte: Com Jornal do Comércio e GaúchaZH
Créditos: Polêmica Paraíba