Pela primeira vez, Sarí Corte Real, esposa do ex-prefeito de Tamandaré Sérgio Hacker (PSB), e ré no processo que investiga a morte de Miguel Otávio, de 5 anos, prestou depoimento sobre o caso, O depoimento aconteceu nesta quarta (15), no Centro Integrado da Criança e do Adolescente (CICA), no centro do Recife (PE).
Miguel morreu ao cair do 9º andar de um prédio de luxo, em junho de 2020, após a ex-primeira-dama do município pernambucano de Tamandaré deixá-lo sozinho no elevador. A mãe do menino, a doméstica Mirtes Renata trabalhava na casa de Sari, e havia descido para passear com o cachorro. O menino quis procurar a mãe, mas se perdeu em um dos andares,;Sari foi acusada pelo MP-PE (Ministério Público de Pernambuco) por abandono de incapaz.
Ela chegou no CICA das 8h40 e foi ouvida por cerca de uma hora, em audiência conduzida pelo juiz José Renato Bezerra.
De acordo com Rodrigo Almendra, o advogado damãe de Miguel, a ré disse que deixou o menino porque precisava voltar para o apartamento para cuidar da filha dela e, por isso, não conseguiu mais dar atenção a Miguel. Uma das estratégias de defesa está no argumento de que Sarí tentou dialogar com Miguel para que ele saísse do elevador.
“O próprio corpo da acusação diz que Sarí tentou por cinco minutos convencer a criança a sair do elevador e voltar pro apartamento. Cinco minutos é uma eternidade. Ele [Miguel] sai de um elevador para outro e Sarí vai atrás”, declara Célio Avelino, advogado de defesa. “Isso não é abandono de incapaz, pelo contrário, revela o cuidado que ela teve”, complementa.
Mirtes esteve presente na audiência e concedeu uma entrevista coletiva, em que elogiou a condução do juiz e criticou as alegações da ex-patroa.
“A estratégia de defesa querendo tirar a culpa dela [Sarí] e ainda querer colocar em mim, questionando a minha educação, a educação que eu dava ao meu filho, que minha mãe dava. Eles falam de uma forma como se eu fosse a pior mãe do mundo. Se eu fosse a pior mãe do mundo, eu não estaria aqui lutando para que ela seja responsabilizada pela morte do meu filho”.
A defesa de Sarí Corte Real também solicitou o depoimento do psicólogo Carol Costa Junior, que trabalhou em uma clínica onde Miguel fazia um acompanhamento psicológico. Esta estratégia foi criticada, e a defesa foi acusada de tentar culpabilizar Miguel pela sua própria morte.
De acordo com o TJ-PE, ainda não há previsão de quando o caso será concluído. A audiência desta quarta (15) marca o final da fase de instrução. Agora, acusação e defesa precisam apresentar as suas alegações finais sobre o caso e só depois o juiz tomará uma decisão.
Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: POLÊMICA PARAÍBA com UOL