A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgou nesta sexta-feira (10), Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, uma pesquisa sobre o perfil do comportamento suicida em adolescentes. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens entre 15 e 29 anos, ficando atrás apenas de acidentes de trânsito.
O estudo identificou 15.702 notificações de atendimento ao comportamento suicida em jovens nos serviços de saúde, com predomínio da faixa etária de 15 a 19 anos (76,4%), do sexo feminino (71,6%), e raça/cor da pele branca (58,3%), no período de 2011 a 2014.
Quanto às internações decorrentes das tentativas em adolescentes, houve 12.060 registros entre 2007 e 2016, com predominância do sexo feminino (58,1%) e maior ocorrência na região Sudeste. A prevalência foi de 2,7 e 7,0 notificações por 100 mil habitantes nos grupos de 10 a 14 anos e de 15 a 19 anos, respectivamente.
“É relativamente comum que na adolescência surjam ideias suicidas, pois fazem parte do desenvolvimento de estratégias para lidar com problemas, como o sentido da vida e da morte. Vem a ser um problema quando essas ideias se tornam a única ou a mais importante alternativa”, afirmou Joviana Avanci, do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e coordenadora da pesquisa, por meio de nota.
“A intensidade desses pensamentos, sua profundidade, duração, o contexto em que surgem e a impossibilidade de desligar-se deles são fatores que determinam a crise suicida. Um suicídio costuma ser pensado, planejado e antecedido por tentativas. Existem suicídios por impulso, mas são raros”, acrescenta.
A pesquisa foi realizada a partir da análise de dados de Sistemas de Informação de Saúde e de entrevistas em profundidade com 18 adolescentes com comportamento suicida das cidades de Porto Alegre (RS) e Dourados (MS), identificados por meio da indicação de profissionais de serviços de saúde.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), promove neste mês a campanha Setembro Amarelo.
A iniciativa, que tem como data símbolo o dia 10, Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, possui o objetivo de conscientizar e desmistificar a prevenção ao suicídio. Realizada desde 2014, a ação neste ano tem o tema “Agir salva vidas”.
O autocídio é uma questão de saúde pública, que não deve ser simplificada ou atribuída a uma única causa, pois se trata do desfecho de uma série de fatores complexos. O mais importante sobre o assunto é que é possível prevenir que casos do tipo aconteçam, como explica a psiquiatra e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luísa Weber Bisol.
“Pelo menos nove em cada 10 suicídios poderiam ser prevenidos. […] A pessoa que, por algum momento de crise pessoal, está atravessando um episódio de depressão, e está com pensamentos suicidas, não quer dizer que ela é suicida. Ela pode deixar de ser, desde que a gente trate, encaminhe, ajude”
Conforme a especialista, na grande maioria dos casos, a pessoa que morre por suicídio possui algum tipo de distúrbio mental grave, que não foi diagnosticado e tratado adequadamente.
INFLUÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS
A ABP estima que 96,8% dos casos brasileiros estão relacionados a transtornos mentais, sendo que cerca de 50% a 60% desses nunca procuraram um profissional de saúde mental ao longo da vida. A psiquiatra lista cinco transtornos mentais que são frequentemente associados a comportamentos suicidas. São eles:
Transtornos depressivos; caracterizado por uma tristeza persistente ou perda de interesse em atividades, prejudicando significativamente o dia a dia.
Transtorno bipolar; que é uma alteração mental grave em que o paciente apresenta oscilações de humor que podem variar desde depressão até mania ou hipomania, versão mais leve da mania.
Transtorno de personalidade borderline; caracterizado por emoções e comportamentos exaltados, marcados por impulsividade, irritação diante de respostas negativas, além de dificuldade de controlar a raiva e idealização extrema.
Esquizofrenia; distúrbio marcado por surto em que muitas vezes o mundo real é substituído por delírios e alucinações.
Transtorno por uso de álcool e outras substâncias; dependência química.
FATORES DE RISCO
Além dos distúrbios mentais, existem uma série de características sociodemográficas que oferecem maior risco e podem aumentar as chances de um indivíduo atentar contra a própria vida. Luísa Weber Bisol revela que pessoas do sexo masculino, solteiros, sem filhos e jovens ou idosos, integram o grupo de perfil propenso a morrem por suicídio.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba