Bombeiro em causa própria

Paulo Santos

No intervalo de apenas 72 horas o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo (PMDB), concedeu duas entrevistas radiofônicas ao Sistema Paraíba de Rádio em João Pessoa: uma, na sexta-feira (4) à Paraíba FM 101.7, e a outra nesta segunda-feira (7), na CBN da Capital.

A versatilidade para expor seu vocabulário faz o ex-Prefeito usar as palavras em seu favor como verdadeiro escudo, colocando-o numa posição em que não aparenta estar na defensiva nem desenrolando uma estratégia para devolver as acusações que recebeu, nos últimos dias, do grupo do sucessor, Romero Rodrigues (PSDB).

Poderia parecer natural que o ex-Prefeito comparecesse a duas emissoras de rádio agora que está com tempo mais livre, com agenda menos abarrotada e se preparando para um descanso melhor elaborado e sem os fustigados do relógio. Poderia ser, mas não é bem assim, como ele próprio deu a entender.

Veneziano está correndo, na realidade, para reduzir os eventuais desgastes que sua imagem tem sofrido, junto à população da Capital, após uma série de acusações feita pelo prefeito Romero Rodrigues e até de antigos aliados. Seu ex-auxiliar Cassiano Pereira, por exemplo, acusou a equipe de Vené de ser composta por “bandidos” e, por isso mesmo, está recebendo uma saraivada de críticas.

Diante de um tiroteio verbal desses não há perspectivas de candidatura a Governador que resista. Vené se apressou, então, a tentar apagar o incêndio que pode devorá-lo nos próximos meses. Um fogo de monturo pode se transformar em sinistrose. Comentaristas de lutas de boxe diriam que Veneziano “sentiu o golpe”.

A presença insistente na Capital não é nada excepcional, mas tem o sentido de orientá-lo na definição de rumos visando a campanha de 2014. A “geografia da comunicação” é um pouco ingrata com Vené, para voos mais altos, assim como foi para Ronaldo e Cássio Cunha Lima quando se decidiram pelas disputas ao Palácio da Redenção.

Há um grande fluxo de informações saindo de João Pessoa em direção ao interior – passando por Campina Grande – e o inverso é menos intenso. Por isso, qualquer notícia desagradável oriunda do grupo adversário deve ser rebatida com rapidez e eficiência sob pena de se transformar em verdade.

De qualquer forma, o ex-Prefeito não começa bem no terreno da “guerra da comunicação” porque todos esperavam que convocasse entrevista coletiva, aquinhoasse os veículos de comunicação com informações, independente do grau de amizade e de audiência que o prenda a grupos empresariais ou políticos. Resvala para o terreno da discriminação.

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PMDB NA ESTRADA
Tudo indica que o presidente estadual do PMDB, ex-governador José Maranhão, vai colocar o partido na estrada já em fevereiro. Através da Fundação Ulysses Guimarães visitará as cidades-polo da Paraíba onde os prefeitos sejam peemedebistas para atualizá-los sobre a elaboração de projetos e outras necessidades. São os primeiros passos para enfrentar as eleições de 2014.
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ACÓRDÃO DE DUNGA
O recesso do Judiciário termina nesta segunda-feira (7) e redobram as esperanças do deputado estadual Carlos Dunga (PTB) assumir seu mandato na Casa Epitácio Pessoa. Ele já está de posse de certidão e outros documentos, à espera do acórdão do Tribunal Superior Eleitoral que, recentemente, defenestrou Genival Matias do mandato e mandou que Dunga assumisse a cadeira. Espera tanto por esse acórdão quanto por chuva no Cariri.
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SORTE NA EMLUR
Espera-se que o advogado Anselmo Castilho (PT) tenha mais sorte e eficiência, na administração da Emlur de João Pessoa, do que nas suas recentes empreitadas políticas. Em 2010 ele foi um dos gurus da malfadada campanha de José Maranhão (PMDB) ao Governo do Estado e, no ano passado, amargou o fiasco de uma candidatura à Câmara Municipal da Capital. A expectativa é de que Anselmo se dedique ao cargo com o qual foi aquinhoado com o mesmo denodo que dedica ás causas do PT em permanentes reuniões.