As diferenças no Congresso Nacional entre a Câmara dos Deputados e o Senado estão incomodando o Palácio do Planalto e o presidente Bolsonaro (sem partido). Segundo a CNN, ministros do Governo, a exemplo de Ciro Nogueira, atuaram nesta quinta-feira (02), para tentar evitar que uma nova crise entre Poderes, nesse caso o Legislativo, prejudique ainda mais o ambiente político, já comprometido pelos ataques do presidente ao Judiciário.
A ala política do governo detectou desde a noite da quarta-feira (1º), quando o Senado derrotou a Medida Provisória (MP) que reformulava a legislação trabalhista, um princípio do que pode vir a ser uma rebelião na Casa comandada pelo presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e tendo apoio, inclusive, de integrantes da base aliada.
Pacheco tem dito a interlocutores que o Senado deve refletir os movimentos da sociedade e da força produtiva do país, que em articulações recentes tem pedido diálogo, e que nesse sentido não pretende aprovar, sem diálogo, propostas remetidas pela Câmara e pelo Governo.
O recado chegou ao governo, que observou também que pode estar em curso uma mudança de eixo de poder no Congresso, da Câmara para o Senado, com o agravante de que Pacheco tem um projeto político independente em 2022, ao contrário do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fiel aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Na manhã da quinta-feira, por exemplo, governadores foram até a residência oficial do Senado, e não da Câmara, para debaterem a agenda política e econômica do país. Diante disso, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se viu obrigado a articular. A despeito de ter procurado Pacheco, o foco principal será Arthur Lira.
A mensagem principal que o ministro tenta passar ao aliado é que será preciso, de alguma forma, buscar a conciliação com Pacheco, sob pena de toda a agenda que ele tem aprovado a toque de caixa na Câmara ser barrada no Senado.
Um interlocutor de ambos fez uma analogia com o autointitulado apelido que Ciro se deu de “amortecedor” oficial da República. Se ele é o amortecedor, Arthur é o acelerador, mas Pacheco pode ser o freio.
A ideia é deixar claro que, no Senado, que é a Casa revisora, eventuais derrotas devem primeiro ser evitadas no diálogo e, se ainda assim houver derrota, deve-se evitar arroubos como os que Lira disse na quarta-feira após saber que o Senado derrubou a MP trabalhista.
O gesto foi considerado no governo um momento de super sinceridade de Lira, mas também foi observado que Pacheco não reagiria dessa forma se o mesmo ocorresse com ele.
Fonte: Polêmica Paraíba com CNN
Créditos: Polêmica Paraíba