A história e a estória

Marcos Tavares

A história não redime. Quando muito explica, mas não tem o condão de isentar ninguém de suas culpas. O que pertence à história é anterior, já está escrito. O presente é mais urgente e contra ele não funcionam as forças do passado. O Fidel Castro que desceu de Sierra Maestra não redime o Fidel de hoje, um ditador velho e carcomido pelo tempo, esgotado pela doença, um ícone que representa tudo aquilo contra o que ele lutou. O Mao Tse Tung dos últimos anos, da Revolução Cultural, só enfeia e contradiz o Mao da Grande Marcha dos momentos heroicos da luta dos chineses contra o invasor japonês.

Dessa mesma forma, o José Genoíno de hoje não tem nada a ver com o Genoíno guerrilheiro que tomou armas contra a ditadura e arriscou sua vida pela liberdade. O Genoíno de hoje é um homem acusado de formação de quadrilha, de desvio de dinheiro público, de promover a compra de opiniões e votos de parlamentares e seu passado não tem força suficiente para conseguir seu perdão. Sua tentativa de voltar à cena política como um suplente arrependido é patética e enfeia ainda mais sua história. Ele será fatalmente cassado porque a Câmara dos Deputados não pode admitir em seus quadros um quadrilheiro e o povo já o rejeitou quando não o elegeu.

A luta do PT para preservar seus ícones recorrendo à sua história não é verdadeira. O passado não absolve os dias de hoje, nem os graves pecados cometidos contra o povo e contra o país. Respeito o Genoíno lutador por ideais, mas repudio o Genoíno do mensalão, das negociatas, e é esse o Genoíno de hoje com quem temos de conviver. Restasse um pouco de dignidade, ele não exporia sua figura a mais este vexame e iria cumprir a pena que lhe foi determinada esperando que ela fizesse os brasileiros perdoar sua triste atuação que só mancha seu passado e o nosso presente.

Tráfico
São débeis e inúteis os esforços anunciados pelo governo federal no combate à epidemia de crack que assola o país. Não existem medidas em quantidade e qualidade que possam ajudar a afastar crianças e adolescentes das drogas antes do seu ingresso.
Só o combate não funciona, pois enquanto houver quem compre sempre haverá quem venda, principalmente num comércio que deixa lucros fabulosos.

A ausência do Estado nas periferias cria um ambiente propício ao trabalho dos traficantes, que aliciam menores para o vício tornando mais difícil depois retirá-los desse mundo.

Por enquanto nada efetivo vem sendo feito.

Descobertas
Começou a temporada de denúncias quando os nossos prefeitos vão saber na realidade a herança maldita que pegaram.

A transição nunca aclara todos os problemas e a maioria deles só aparece quando o novo gestor toma pé na situação, muitas vezes calamitosa, com dívidas e atrasos salariais.

É uma rotina que acontece em todas as eleições municipais e parece muito longe de se acabar.

 

Aumentos
O governador Ricardo Coutinho prometeu outra vez em sua mensagem de final de ano cumprir a data base do funcionalismo estadual.
Só que as contas feitas pela sua equipe econômica estão mostrando dificuldades no cumprimento dessa promessa.


Otimismo

O vice-prefeito Nonato Bandeira diz que a hora não é de tratar sobre política e sim de trabalho.
Essa cantiga é muito louvável, mas pouco aplicada. Sempre é hora de fazer – e desfazer – política.

Batraquial
Pelo andar da carruagem, Coutinho engoliu bem a nomeação da ex-reitora Marlene Alves para a Cultura de Rodrigues.
A política vez em quando é a arte de saber engolir sapos para depois conquistar príncipes.

Procurando
O prefeito Cartaxo procura dor de cabeça ao eleger a retirada do Aeroclube do Bessa como uma de duas prioridades.
Não existe essa necessidade tão premente e é bom lembrar que esse foi o grande escorregão de Agra.

Virtual
É esperado que o novo prefeito e a nova secretária municipal de Tecnologia, finalmente, expliquem a confusão que é o Jampa Digital.
A verba existiu, o dinheiro foi gasto, mas o serviço não funciona.

Castigo
Deus existe, só que ele é muito ocupado. Está aí Chávez para provar que o castigo vem a cavalo.
Em Cuba ou na Venezuela.
Frases…

Doidinho – O ruim de falar só é quando o papo é muito chato.
Títulos – Nunca entendi por que ser reitor é magnífico.
Dominical – O ano é novo, mas a segunda é sempre a velha segunda!