Contentes Com Migalhas

Bruno Filho

Minha luta pelo futebol completa 39 anos neste 2013. Profissionalmente comecei em 1974 e de lá para cá vivi momentos de alegria e de tristeza incomuns. Muito mais alegres do que tristes reconheço, se contar como torcedor então aumento mais 10 anos e aumento consequentemente as lembranças boas.

Confesso que nestas ultimas horas fiquei apreensivo com o desenrolar do caso envolvendo a liberação dos Estádios para o início do Campeonato Paraibano. Mais ainda pela pequenez do assunto. Estavamos lutando pela autorização para jogar em locais que não abrigariam um só campeonato dos que eu acompanhei.

A Paraíba não merece isso. Brigar por lugarejos com pouco mais de 3000 lugares ? Sofrer para poder jogar em campos “carecas” e sem a minima estrutura, o básico para praticar futebol profissional. Tomei conhecimento que os pobres árbitros não recebem suas taxas de arbitragem oriundas do torneio do ano passado !

Que futebol é esse ? Pois vou dizer a quem não sabe que este futebol existe desde o ano de 1908. Um dos mais antigos do Brasil. Mais antigo que o campeonato pernambucano nosso principal vizinho e tido como algo em que temos que nos “espelhar”.

Existe algo de muito errado por aqui. E tem que ser corrigido urgentemente. Dizer que os paraibanos não gostam de futebol é querer transformar mentira em verdade. Não vão me convencer nunca que esse é o motivo. O motivo é a má adminstração de nosso futebol.

Os presidentes de clubes que eu conheço fazem das “tripas coração” para colocar seus times em campo. Cito Nelson do Botafogo que quer a modernidade e trabalha dioturnamente. Em Sousa, Aldeoni faz o mesmo com seu “Dinossauro”. Os dirigentes de Campina Grande lutam demais por suas agremiações.

No sertão são criadas regencias de diretores e abnegados para que os clubes não morram e mesmo assim as coisas não desatam ? Eu não queria achar, não sou de “achismo”, mas nestes poucos meses que aqui estou detecto que o comando da nossa entidade máxima deve sofrer modificações. Tem que surgir fatos novos, novas gestões.

Se não há ajuda do Governo, no caso do “Almeidão” por exemplo, é necessário buscar auxilio de outras maneiras. Tem que trabalhar pelo futebol. Não consegui em 10 meses ver a presidente da entidade em espetáculo nenhum. Nem na final do campeonato ela esteve. Nas Olimpíadas de Londres… chefiou a delegação brasileira.

Contentar-se com migalhas não é meu estilo, e nunca será. Quero muito mais. A vida futebolística tem que sofrer imediatas modificações na estrutura, e tentar assim sobreviver. Do jeito que enxergo, as páginas futuras serão tenebrosas demais. Na Copa do Mundo seremos uma Suiça em plena Segunda Guerra Mundial. Inaceitável.

Ainda há tempo de reagir, tenho conhecido gente competente em todas as áreas neste Estado e principalmente na Capital. Mãos à obra e arregaçando as mangas. Quem sabe ainda terei tempo de ver uma de nossas equipes na Serie A do Brasileiro. No futebol tudo é possível, até aqui na Paraíba podem acreditar.

Bruno Filho, jornalista e radialista, acha que aqui a bola também é redonda e rola como as outras.

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