A pauta ‘preço dos combustíveis’ é uma questão antiga e envolve fatores políticos, sociais e econômicos. A alta da gasolina tem sido impulsionada em parte pelo real desvalorizado. A moeda brasileira vem sofrendo com as incertezas dos investidores em relação ao rumo da política econômica do governo federal e os brasileiros estão pagando cada vez mais caro para encher o tanque do carro. Em algumas cidades do país, o preço do litro da gasolina já passa dos R$ 7. Os preços cobrados nas bombas viraram motivo de embate entre o presidente e os governadores.
A reportagem do Polêmica Paraíba conversou com o economista paraibano Werton Oliveira que explicou sobre as prováveis causas desse aumento e como os governos poderiam atuar para reduzir os custos no bolso do brasileiro.
Porque a gasolina está tão cara?
As duas grandes variáveis que impulsionam o preço da gasolina no Brasil são o preço do barril do petróleo e a variação do dólar. A primeira variável é determinada pelo mercado internacional, em que o Brasil não interfere ou determina o valor. Já o aumento do dólar frente a nossa moeda que é o real impacta diretamente a importação do produto no país.
Tributação
Qual a parcela de ‘culpa’ dos estados e do governo federal nesse aumento do preço?
Existem quatro tributos que incidem diretamente no preço dos combustíveis no país: três deles são federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins) e apenas um estadual (ICMS) sendo que este último tem um peso maior no preço do combustível: aproximadamente 11,6% – impostos federais (Cide, PIS/Pasep e Cofins) e 27,9% – tributo estadual (ICMS).
Dólar em alta
Em relação à importação, como o valor alto do dólar influencia nessa alta e encarece o preço do combustível para o consumidor final?
Sim. Boa parte do combustível que consumimos no país é importado. Se o dólar aumenta, o preço do produto também segue o mesmo trajeto, e esse aumento será visto logo em seguida pelos consumidores nas bombas dos postos, após o repasse da Petrobras às refinarias.
Há alguma perspectiva de redução desse custo?
Só há duas maneiras de redução no preço dos combustíveis: Ou o preço do barril de petróleo cai no mercado internacional ou uma queda na cotação do dólar aqui no país. Em nenhum cenário há uma previsão de queda, só se houver um impacto grande da variante Delta (Covid-19) nos mercados internacionais que afete o preço das commodities, para baixo no caso, já que nenhum governante se mostrou interessado em reduzir o ICMS.
Existe algo que os governos poderiam/deveriam estar fazendo para melhorar os preços?
Como falei acima, não vejo nenhum governante disposto a abrir mão de alguma fatia do ICMS. O imposto estadual tem um peso de mais de 27% no preço da gasolina, se houvesse uma redução no tributo o impacto positivo no bolso dos consumidores seria imediato.
O que o brasileiro pode fazer para que essas despesas não saiam tão onerosas no dia a dia?
Essa pergunta é difícil de responder, já que cada consumidor tem uma necessidade diferente quanto ao consumo de combustíveis. Uns utilizam para se locomover dentro da cidade (trabalho, escola dos filhos, etc), outros consomem por trabalho (motorista de aplicativo, entregadores, etc), e outros usam para lazer. A dica que eu dou é sempre colocar as despesas na ponta do lápis para observar o que é mais vantajoso, daí toma a decisão se vai buscar outros meios de locomoção ou se o custo benefício não vale a pena.
Werton Oliveira é mestre em Economia pela UFRN. Graduado em Economia UFPB. MBA em Gestão Empreendedora e Inovação pela UFCG. Atua como Economista no Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (SindusconJP) e é Conselheiro Efetivo do Conselho Regional de Economia da Paraíba (Corecon-PB). Eleito Economista destaque de 2019 (Corecon-PB).
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba