Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, (24), o Talibã informou que não permitirá mais que cidadãos afegãos se dirijam ao aeroporto da cidade de Cabul para deixar o país.
Um dos porta-vozes do grupo, Zabihullah Mujahid, disse que “as pessoas devem voltar para casa”. “Nós pedimos aos norte-americanos que não encorajem os afegãos a irem embora. Nós precisamos das competências deles”, declarou.
De acordo com o portal UOL, Mujahid também disse que o “emirado islâmico está tentando controlar a situação” próxima ao aeroporto e que “a estrada em direção ao aeroporto foi fechada e os afegãos não podem mais passar ali, só os estrangeiros”.
“Nós estamos impedindo os cidadãos afegãos de ir para lá porque há o risco de perderem a vida por causa da multidão, e os norte-americanos estão atirando quando há confusão e as pessoas morrem. Atiram nas pessoas e nós queremos que os afegãos fiquem seguros quanto a isso”, acrescentou o porta-voz.
Milhares de pessoas tentam ir ao aeroporto da capital do Afeganistão desde o dia 15 de agosto, quando o Talibã tomou o poder em Cabul, na esperança de deixar o país.
As nações ocidentais estão retirando seus funcionários e militares, assim como os civis que colaboraram com as forças de ordem internacionais durante os 20 anos de ocupação americana.
Os ministros europeus, entretanto, reconheceram que nem todos serão resgatados até a data de encerramento do acordo entre norte-americanos e talibãs, no dia 31 de agosto.
Mujihad informou que “não acredita” que a data final de retirada será ampliada. “O 31 de agosto é um plano dos Estados Unidos, que eles previram. Eles tiveram todas as oportunidades e todos os recursos para levar todas as pessoas que pertencem a eles. Nós não prorrogaremos o prazo”, acrescentou.
Alguns governos ocidentais falam sobre tentar ampliar o prazo de resgate para conseguir buscar pessoas que auxiliaram a coalizão e que não moram em Cabul.
O porta-voz também foi questionando sobre as dezenas de informações que apontam que membros dos grupo estão invadindo casas de colaboradores e executando ou sequestrando pessoas.
A emissora alemã Deutche Welle informou recentemente que um parente de um de seus jornalistas foi assassinado enquanto procuravam pelo repórter. Além disso, inúmeras falas afirmam que civis que trabalharam com os militares norte-americanos estão sendo espancados até a morte.
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“Nós não perseguimos ninguém, não caçamos ninguém, nenhum dos incidentes foi causado pela nossa parte em nenhum local do país. Nós não temos nenhuma lista. Queremos levar paz e segurança para todo o país”, rebateu o porta-voz a todas as acusações.
Direito das mulheres
Muitas mulheres também não podem mais trabalhar desde que o Talibã retomou o poder em Cabul, mesmo com o grupo afirmando que as mulheres teriam os mesmo direitos adquiridos nos últimos anos.
Mujahid disse que essa é uma “situação temporária para o bem delas” e declarou que nenhuma perdeu seu emprego e os salários estão sendo pagos normalmente.
“Nesse momento, isso é para o bem delas, para impedir maus tratos. O procedimento será temporário. As forças de segurança, no momento, não estão operativas e não foram treinadas para lidar com as mulheres, nem falar com mulheres e decidimos parar as mulheres até que haja uma segurança para elas. Quando houver um sistema apropriado, poderão voltar ao trabalho e retomarão seus salários. Mas, por enquanto, devem ficar em casa”, afirmou.
Durante os anos em que o Talibã ficou no poder, entre 1996 e 2001, as mulheres não tinham o direito de estudar, trabalhar ou sair de casa sem estar acompanhadas por um homem da família.
Isso motivou que muitas delas optassem por fugir do novo governo afegão para países vizinhos ou em voos para nações ocidentais.
Novos ministros
O Talibã anunciou hoje dois novos ministros e o chefe da Inteligência do governo, segundo a agência de notícias local Pajhwok.
O portal afirmou que Sul Agha será o novo ministro das Finanças, Sadr Ibrahim será o chefe da pasta do Interior e Mohammad Najibullah será o chefe da Inteligência.
Além disso, o grupo anunciou dois líderes políticos para Cabul: Mullah Shirin foi escolhido para governar a província e Hamdullah Normani será o prefeito da cidade.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Metrópoles
