'negou participação'

Mulher suspeita de participar do sequestro de Patricia Abravanel escreve livro sobre crime: “Silvio Santos na mira do meu 38”

Se o sequestro de Patrícia Abravanel, que passou sete dias num cativeiro em agosto de 2001, e logo depois, Silvio Santos, o pai, que foi feito de refém pelo mesmo criminoso, parece um filme hollywoodiano, a vida da manicure Josiene Santos Batista, e de como foi relacionada a este crime, daria uma novela mexicana.

Se o sequestro de Patrícia Abravanel, que passou sete dias num cativeiro em agosto de 2001, e logo depois, Silvio Santos, o pai, que foi feito de refém pelo mesmo criminoso, parece um filme hollywoodiano, a vida da manicure Josiene Santos Batista, e de como foi relacionada a este crime, daria uma novela mexicana. Ela está escrevendo suas memórias e pretende transformá-las em livro, cujo título é bom demais para não estar numa estante: “Silvio Santos na mira do meu 38”.

Há 20 anos, quando o sequestro aconteceu, Josiene foi acusada de ser a sexta bandida do grupo liderado por Fernando Dutra Pinto, o mentor do sequestro da filha número 4 do Dono do Baú. Tudo porque um revólver 38 Taurus, de cano longo refrigerado, estava em poder do sequestrador quando ele voltou à casa do apresentador. E para mal dos pecados, a arma estava no nome de Josiene.

“Quando vi minha arma e minha cara na televisão sendo procurada, senti um negócio nas pernas, meu sangue desceu. Pensei: ‘estou ferrada’”, recorda a manicure.

É que Josiene tem um passado que a condenaria não fosse o tempo de prescrição dos delitos cometidos na juventude. Ou seja, ela já tinha a “ficha suja”. Ela e o marido, Gilvan Santa Rita, moravam na região do Capão Redondo, na periferia de São Paulo, um dos lugares mais violentos do mundo na década de 1990. Ele trabalhava como carteiro e ela tomava conta de uma lanchonete num colégio. Preocupado com a segurança da mulher, então menor na época, Gilvan lhe comprou uma arma, e como naquele tempo qualquer um podia ter porte, Josiene virou a dona do 38 que teve Silvio Santos em sua mira por sete horas e meia.

“Em 1995, eu fui presa após um assalto. E minha arma foi apreendida pela polícia e ficou na 25ª DP. Depois, fui para o presídio e consegui fugir ao serrar uma grade. Sumi, né? Estava foragida, fui morar em outro bairro onde ninguém me conhecia e refiz a vida, ainda que meio escondida”, narra ela.

De fato, Josiene parecia peixe pequeno para a polícia, já que ninguém tentou recapturá-la. Vida que segue até o sequestro de Patricia e a polícia de Barueri, na Grande São Paulo, descobrir que Fernando Dutra Pinto estava hospedado num flat em Alphaville. Chegando lá, três policiais tentaram prendê-lo, mas numa troca de tiros, o criminoso teria matado dois e ferido um terceiro. E foi assim que a arma de Josiene apareceu.

“O revólver estava com um dos policiais que trabalhou na 25ª na época que me pegaram e quando ele foi baleado o Fernando pegou o revólver e levou com ele. Eu achava que uma arma ou era destruída ou sei lá, ia para alguém, tirava do nome da pessoa. Mas estava com esse policial aí”, argumenta ela, que hoje também não sabe se o “tresoitão” (como chama) está rodando por aí: “Nossa, agora fiquei bolada. Vai que alguém está com ele, comete um crime e serei acusada de novo…”.

A sorte de Josiene, que passou a ser procurada por um crime que não cometeu, era que sua mãe trabalhava na casa de um jornalista, que decidiu investigar o caso e conseguiu inocentá-la. Como a arma não poderia estar de posse de um policial civil, o caso foi abafado e ninguém foi atrás de Josiene, que, vale lembrar, era uma foragida da Justiça.

“Ninguém me procurou. Mas a minha vida virou um inferno desde o dia que botaram minha cara na televisão. Passei quase 20 anos escondida, com medo de me matarem, sei lá. Meus vizinhos, que nem me conheciam, davam entrevista dizendo que eu era uma bandida. Eu errei lá atrás, eu sei. Coisa de jovem que segue o caminho errado. Mas nunca fiz mal a ninguém. Hoje me redimi, faço meu trabalho de doméstica e manicure e já tenho um RG depois de 26 anos”, justifica.

A ideia do livro surgiu numa conversa com o sobrinho, escritor e jornalista. E da necessidade de expor outras coincidências que Josiene chama de destino. “Sabia que eu quando era criança era louca pelo Silvio? Eu ia nas excursões da escola a todos os ‘Domingo no parque’ que ele apresentava. Eu devia ter assim uns 11 anos, e fiquei bem pertinho do Silvio. Aí, tantos anos depois acontece isso. Só pode ser o destino”, conclui ela, lembrando aquele programa em que o apresentador por vezes perguntava se uma criança queria trocar uma televisão por uma peteca.

 

Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: EXTRA GLOBO