Dezembro de 2019 soubemos que uma pandemia de um vírus ainda não muito conhecido viria a assolar o mundo. Aos poucos fomos tomando todos os cuidados necessários e recomendados pelos órgãos de saúde para evitar a disseminação da Covid-19. Uma das formas encontradas pelas autoridades sanitárias foi o isolamento social que levou milhares de pessoas a ficarem de quarentena dentro de suas casas e o trabalho home office passou a fazer parte do dia a dia de muita gente.
Com o novo modelo de trabalho implantado obrigatoriamente pelo coronavírus, algumas mulheres acharam por bem engavetar definitivamente o sutiã, roupa íntima feminina ainda mitificada pela sociedade. Elas deixaram o sutiã de lado e ressaltam a liberdade de escolha em relação ao conforto que essa decisão traz. Outras disseram que levarão esse ‘alívio corporal’ para fora de casa e deverão manter o costume quando forem sair livremente às ruas após o confinamento.
De acordo com as informações apuradas pela reportagem, a quarentena trouxe algo para valorizar o conforto. Algumas mulheres perceberam que não precisam e nem merecem estar presas nesse tipo de padrão.
Para a publicitária Mariana Ferreira, 30 anos, abandonar de vez o sutiã foi a decisão mais acertada. “Parei de usar o sutiã. Me sinto mais livre e confortável. Às vezes quando saio nas ruas me sinto incomodada com alguns homens que ficam olhando, e talvez o uso da máscara me deixe mais forte nisso. É ótimo, recomendo”.
A psicóloga Núbia Costa, 36 anos, afirmou que é adepta da nova forma de passar os dias sem sutiã. “Não uso porque quero mais comodidade, em casa posso ficar mais à vontade. A sensação é de liberdade total”.
Segundo a historiadora Maíra Zimmermann, 39 anos, é difícil prever se os reajustes na forma de se vestir vão durar até depois do isolamento social. “Talvez a pandemia traga para alguns uma aceitação, uma conscientização de que não existe essa necessidade de estar produzido o tempo inteiro. A questão da construção de uma visualidade é sempre uma relação com o outro. E, quando estou tendo menos essa relação, talvez eu fique dentro daquilo que me é mais confortável”.
Zimmermann diz que abandonar de vez o sutiã vai depender de cada mulher. “Acho que essa ideia de que todas as mulheres não se sentem confortáveis com sutiãs não é unânime, até porque mulheres que têm seios grandes precisam desse suporte inclusive para não ter dor nas costas, ou quando fazem exercícios. Vai depender muito das necessidades individuais. Tem meio que uma idealização da ideia do não uso do sutiã. O melhor é usar se quiser, não usar se não quiser. A ideia de conforto feminino difere de mulher para mulher, e não existe um conforto único”, destacou.
A jornalista Cristina de Souza, 40 anos, disse que só usa sutiã às vezes para sair, para evitar olhares. “Sempre que chego em casa tiro o sutiã. Sempre adorei a sensação de não vestir nada. Agora, na quarentena, só lembro dele quando preciso sair, mas, dependendo da roupa, nem tenho colocado. Acho que se torna necessário para frequentar alguns ambientes que tenham muitos homens, porque eles acabam nos constrangendo, infelizmente”.
Algumas mulheres acham sutiã bastante desconfortável, como é o caso da professora Lourdes Silveira, 42 anos. “Acho sutiã desconfortável há muito tempo, mas, mesmo assim, uso e não consigo me imaginar sair na rua sem. Com a quarentena, passei a trabalhar em casa e, com isso, deixei de usar. Tenho filhas jovens que não gostam e são a favor de abolir o uso, então, não fui questionada por ninguém sobre a decisão. Acho os sutiãs atuais muito desconfortáveis, tem o arame (que eu sempre tiro), os formatos de bojo, tamanho de bojo e circunferência que não fecham no meu caso. Nos últimos anos, tenho tido dificuldade de achar modelos que fiquem bem em mim”.
Ela enfatizou que voltará a usar sutiã quando puder sair livremente às ruas. “Quando começar a circular por aí novamente eu voltarei a usar, mas esse período sem o sutiã tem me ajudando a pensar sobre o assunto, a pesquisar mais modelos confortáveis e menos estéticos, menos renda e mais conforto”.
Já a maquiadora Jessica Santana, 30 anos, falou que não usa sutiã e nem mesmo quando sai às ruas. “Nunca fui muito adepta, nem na rua. Na quarentena, tenho me sentido cada vez mais à vontade para não usar. A minha decisão foi muito natural. Relaciono o sutiã a uma prisão, a uma forma de impedir sensações, impedir a liberdade”.
A pedagoga Georgia Lima, 45 anos, disse que, “a quarentena me possibilitou trabalhar sem, estou lecionando em home office, sem o sutiã, o que para mim é qualidade de vida. Quando voltar ao trabalho presencial, terei que utilizar novamente, para não me expor ou ficar insinuante, pois trabalho com adolescentes. Existe a sexualização do corpo da mulher – se isso não existisse, manteria minha vida sem essa peça desagradável”.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba