O medo do fim

Marcos Tavares

O Apocalipse é o último livro do Canon Bíblico. Chamado de o Apocalipse de João, ele diz ter escrito o que ouviu dos anjos e fala sobre a batalha final entre o bem e o mal na planície de Armagedon. Historicamente esse livro sempre incomodou o homem, pois ele avisa que prenúncios do final serão revelados através do aumento da violência, da barbárie e da presença de um anticristo dominando o mundo. Fica fácil nesse mundo de guerra achar sinais. Caim matou Abel e o apocalipse diz que irmão irá contra irmão no final dos tempos. O vulcão de Krakatoa foi a maior catástrofe natural já vista na Terra observada em todo o globo que cobriu o mundo de cinzas e acabou uma ilha inteira provocando tsunamis furiosos. Era um sinal, mas não foi o fim.
Desde a Idade Média profetas e charlatões anunciam o final dos tempos, uma ocorrência prevista para bilhões de anos na frente quando o nosso Sol tornar-se uma anã brilhante. Mas eles vociferam e encontram não só indícios como aliados. Aqui mesmo na Paraíba, em Campina Grande, Roldão Mangueira criou uma seita, os “Borboletas Azuis” que esperou anos o fim do mundo. A paciência dos fiéis acabou antes e a seita caiu na galhofa. Os Estados Unidos são pródigos nesse tipo de crenças, com todos sempre dispostos a acreditar em conspirações e tragédias.
O avanço cultural antes de banir fez aumentar essa febre pelo fim. A internet tornou-se o maior veículo de alarme como o fez agora no recente vinte e um de dezembro, quando o calendário maia nunca pregou final algum. O homem insiste em querer marcar a data de seu final como espécie quando não possui nem a sabedoria do dia de sua morte. Faz parte de nossa pequenez diante de um Universo finito e nossa vontade infinita de sobreviver. Por isso o Apocalipse vai continuar nas cabeceiras e nas preocupações de muita gente certa de que esse velho mundo acabará no café de amanhã.
Besteira
Ganha o troféu besteirol 2012 o Projeto de Lei da Vereadora Sandra Marrocos que quer disciplinar as letras de música de forró e proíbe a edilidade de contratar bandas que executem canções consideradas ofensivas ao feminismo.
A ideia é esdrúxula e tola quando temos milhares de problemas sérios na cidade esperando solução. Além disso, o projeto carrega um viés de censura que não cabe mais nos moldes democráticos em que vive o país.
Não é uma canção que vai ofender as mulheres, nem melhorar sua qualidade de vida. O buraco é – literalmente – bem mais embaixo.
Besteira II
Tradicionalmente, muitas músicas nordestinas exploram o duplo sentido sem que isso jamais tenha ofendido o público feminino.
Do “Xote da Menina” até os sucessos atuais, a problemática da mulher tem sido tratada com humor sem que essa santa indignação feminista fosse necessária com o rigor de uma lei.
A vereadora está equivocada no tempo e no espaço e essa deve ser mais uma daquelas leis que não “pegam”, até pela dificuldade de sua execução.
Bancada

Ricardo espera abrir o novo ano com uma bancada que lhe garanta governabilidade na Assembleia.
Por conta disso, Hervázio Bezerra já começa gestões visando reunir o rebanho desgarrado. O problema é que apoio tem preço…