Do peru à champanhe

Marcos Tavares

Abençoado país que pode se dar ao luxo de dez dias de festas consecutivas sem temer pela sua grandeza nem seu berço esplêndido. Da véspera de Natal até o dia de Ano Novo ninguém trabalha nesse Brasil e tudo fica à espera de que o relógio bata as solenes badaladas da meia-noite anunciando 2013. Não adianta marcar expediente, reunião, encontro que a coisa não anda. O rapaz do segundo andar não veio. A mocinha do café está de ressaca e os assessores gozam de merecidas férias à beira-mar depois de um exaustivo ano de nada fazer. Restam os médicos, policiais, bombeiros e garçons, mas esse povo já está acostumado a não ter calendário e passar a festa trabalhando.
O governo poderia ser mais realista e decretar logo ponto facultativo nesse pequeno intervalo nesses poucos oito dias que separam os dois eventos, o peru do Natal da champanhe do Ano Novo, tornando oficial o que é oficioso, porque tentar fazer um funcionário público trabalhar nesses dias em que o espírito vibra de paz e a harmonia é uma tarefa ingrata. Há até quem vá ao expediente para filar o café, comentar a festa e jogar papo fora, mas trabalhar mesmo isso fica apenas para injustiçados como jornalistas e Papai Noel.
Não sei se o resto do mundo goza desse privilégio maravilhoso. Creio que não. Americanos e europeus são dados ao labor e com isso nunca descansam. Os árabes ignoram solenemente o Natal e então ficamos nós, os latinos, essa deliciosa mistura de negros, índios e portugueses a velar pelo natal com a fé dos catecúmenos. E vamos empurrando a vida com a barriga até chegar outro ano quando então esperaremos acabar o Carnaval.


Ninguém Viu

Num rasgo de imodéstia não explicável, o prefeito Veneziano Vital tuita e diz que nunca se viu uma gestão como a dele.
Modéstia à parte ele tem razão. Fazia tempo que não se via uma cidade entregue ao lixo, funcionários com salários atrasados e fornecedores tendo que rogar para receber o que lhes é devido.
Nesse ponto o prefeito está coberto de razão. Campina não deveria ter visto e muito menos sofrido isso, uma retaliação de Vené pelo fracasso político a que seu grupo foi submetido.
Saideira
Nada como fim de mandato para fazer aflorar a coragem. Zezinho do Botafogo afirma que Agra e seus aliados vão sofrer as penas do inferno por terem desertado do coletivo ‘ricardista’ e criado vida própria.
Enquanto Agra ainda detinha a caneta, Zezinho calou-se, mas agora, com o prefeito já descendo a escada, ele resolve espicaçar seu grupo e profetizar um futuro negro para Agra, que segundo o vereador será esquecido.
Aguardemos…
Projetando

Acho bizantina essa discussão sobre quem apresentou mais projetos na Câmara Municipal.
O problema não é quantidade, mas qualidade.Qual projeto realmente beneficiou a comunidade?!


Itinerante
Armando Abílio continua com seu partido debaixo do braço a procurar vagas e abrigo nas novas administrações, principalmente a da capital.
Enquanto isso, ele não define os rumos que a legenda irá tomar.

Fora
O deputado Frei Anastácio clama contra a degradação que, segundo ele, o plantio da cana-de-açúcar faz na várzea de Santa Rita.
Desde o Brasil colonial que se planta cana e ninguém nunca reclamou.

Remorso
Parece que Luciano Cartaxo carrega algum remorso por não ter aproveitado Roseana Meira.
Ele disse na imprensa que ela foi convidada para alto cargo federal, mas desdenhou.

Licitando
O novo presidente da Emlur afirmou que as licitações atuais para terceirização da coleta vencem em março do próximo ano.
Essas licitações sempre foram foco de dúvidas.

Violência
O espírito de Natal não passou pela nossa cidade. Os assassinatos continuaram madrugada adentro em plena noite do Natal.
Até Papai Noel tem medo.
Frases…

Day After – Depois do Natal até as renas estão de ressaca.
Feminista – As mulheres nunca puseram os pés na Lua. Já a cabeça…
Elétrica – Toda tomada é chocante.