A ceia da liberdade

Marcos Tavares

O costume do indulto de Natal vem de longe, dos tempos medievais, quando barões e reis, imbuídos do espírito natalino soltavam os presos menos perigosos para que fossem confraternizar com a família. O costume trazido de Portugal criou raízes em nosso Código Penal e agora a presidente Dilma amplia seu prazo. Ele é concedido aos presos de bom comportamento que já tenham cumprido um terço de sua pena e eles devem regressar ao presídio tão logo termine o prazo acatado pela Justiça. Só que isso raramente ocorre e quem sai no Natal somente volta depois de delinquir novamente e ser preso uma segunda vez quando é devolvido à prisão.

Europa e Estados Unidos não têm esse dispositivo. Na Europa é concedida uma licença apenas aos prisioneiros que estejam em regime semiaberto e ele tem de se apresentar diariamente à autoridade indicada. Os Estados Unidos têm a condicional que não ocorre normalmente no período de Natal. O Brasil, que cultiva esse sentimento muito latino da caridade, deveria se aparelhar melhor para que os presos beneficiados pudessem ser monitorados. Tornozeleiras eletrônicas seriam o dispositivo ideal para rastrear quem ganhou o benefício e uma garantia de que eles voltariam aos presídios.

Sem nada que os incomode, os presos sentem-se à vontade para sorver o puro ar da liberdade e alguns chegam a retornar ao crime logo no Natal para fazer seu caixa. Grande número não volta à cadeia gerando despesas à sociedade que vai se mobilizar para sua captura além de jogar mais um bandido na rua para desespero de uma população já achincalhada pela violência. Nossa Justiça é branda e nosso coração verde-amarelo é doce. Assim, Papai Noel anualmente presenteia com a liberdade quem não a merece e quem absolutamente não retornará à prisão.
Pacificadores
Alguns políticos e figuras proeminentes do Estado tentam minimizar a crise entre Legislativo e Executivo, procurando um meio de sentar na mesma mesa Ricardo Coutinho e Ricardo Marcelo para aplainar as diferenças.
Acontece que nenhum dos dois tem temperamento conciliador e um fica esperando um gesto do outro que possa ser entendido como fraqueza e capitulação.
Assim, apesar de todos os esforços, é difícil que os dois líderes de poderes fumem o cachimbo da paz ainda este ano. No ano que vem, tudo pode acontecer…
Cuidados
Sabendo que pisa em terreno perigoso, o prefeito eleito de Campina Grande, Romero Rodrigues, vai solicitar uma auditoria que investigue todos os setores da administração de Veneziano.
A ordem é varrer a casa e mostrar qualquer sujeira que tenha ficado debaixo dos tapetes. Pode ser um duro golpe para Vené, que continua entusiasmado com o cargo de governador.


Sonho 

Duzentos e trinta milhões de reais, esperam o felizardo – ou os felizardos – que acreditam na Mega-Sena.
O prêmio provoca sonhos e delírios em todos os jogadores.

Eleitores
Os eleitores de Cássio Cunha Lima, na sua maioria do PSDB, insistem em sua candidatura na próxima eleição governamental. Mais cauteloso, Cássio estuda o jogo antes de dar seu lance.

Esquecida
Agra, como se esperava, não foi ao ferimento grave com Luciano pelo não aproveitamento da secretária Roseana Meira.
Ele preferiu em vez disso tecer elogios a sua correligionária, mas não quis brigar com quem está entrando.

Passado
Já em Sousa, o prefeito eleito André Gadelha surpreende ao dizer que encontrou o município num caos.
Essa é sempre a cantiga dos adversários que com isso esperam clemência do povo nos primeiros meses.

Hábitos
O endurecimento da Lei Seca muda os hábitos de muitos pessoenses.
Agora, para os amantes do mundo etílico, a saída é um táxi ou o carro de casa dirigido por outra pessoa.

Sonrisal
Pelo esdrúxulo horário de posse dos prefeitos e vereadores eleitos, o coquetel deveria ser à base do Sonrisal.

Vai pegar 
Todo mundo de ressaca.


Frases…

Tempestuoso – Depois da tempestade chegam os bombeiros.
Filosofando – A filosofia começou realmente quando descemos das árvores.
Diminuindo – Perder um amigo torna nosso mundo menor.