O cardápio e o calendário

Amadeu Robson Cordeiro

Infelizmente a plebe não tem cardápio. O cardápio do Rei é feito ao seu bel prazer. Festeja o que quer, quando quiser. É Natal e muitos dos servidores públicos não terão o prazer de uma ceia digna, no máximo, um galetinho assado nestas churrasqueiras de rua e um pouco de arroz. Na Granja do Rei os restos babados da Corte não servirão aos mendigos e pedintes, pois, proibido estão de saber e sentir o gosto do cardápio real. O trânsito de guloseimas nas entranhas da Granja Real não é tudo, somem-se os apetrechos de uso pessoais tão divulgados na mídia, daí se concluir que vivem realmente “anos dourados”.

Após uma breve leitura por orientação de um amigo, vi que vivemos num falso socialismo. E desta anarquia vejo a reencarnação de Josef Stalin, Adolfo Hitler e Sadan Hussein, que foram considerados doentes mentais pela ausência de sentimentos morais – como remorso ou gratidão -, extrema facilidade para mentir e grande capacidade de manipulação. Tais pessoas com este diagnóstico é comparada a um gato, que não pensa no que o rato sente. Ele só pensa em comida (sacia-se com tudo que lhe dá prazer). A vantagem do rato sobre as vítimas do doente é que ele sempre sabe quem é o gato. O doente faz o que deseja, sem que isso passe por um filtro emocional. É como o gato, que não pensa no que o rato sente – se o rato tem família, se vai sofrer, se vai sentir dor. Ele só pensa em saciar-se…saciar-se…saciar-se…

Deixando esta primeira fase do texto, procuro sair deste lado obscuro e tenebroso, e ser mais light nestes instantes que antecedem o nascimento do menino-Deus. Assim é comum, na despedida de um ano que se finda e de outro que se aproxima, recebermos de um amigo mais próximo, do nosso padeiro, da nossa farmácia ou do nosso inseparável supermercado, um calendário de fim de ano. Esta semana fui presenteado pela verdureira da feira-livre e pude observar que, apesar da sua simplicidade, existia algo místico naquele impresso.

Observo que, em cada uma de suas folhas o mês apresenta um colorido diferente, e vejo pequenos seres alados flutuando como sonhos delicados e puros, em busca de um infinito impossível. O meu calendário de 2013 está repleto de borboletas e beija-flores, fazendo-me confrontar esta minha impertinente ansiedade com palavras vivas, ditas há dois mil anos atrás: “olhai as aves do céu; não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: A cada dia basta o seu cuidado”.

Pois bem amigo, o canteiro colorido da vida, que às vezes se turva por nossas próprias imperfeições, não pode ser descrito por minha sensibilidade rústica e ignorante, mesmos assim, tento descobrir o sentido dessa existência tão efêmera no contexto da Criação. Teriam surgido da pureza e luminosidade de um sonho infantil? Do verso de um poeta em oração? De um carinho de mãe para fazer o sorrir do seu filho recém-nascido, do seu filho adulto, infelizmente, doente pelas armadilhas da vida

O meu calendário é indecifrável e minha imaginação incapaz de encontrar resposta para a origem e importância de vidas tão passageiras e voláteis.

È Natal, e o que vejo é um socialismo Real doentio. Um Papai Noel de barbas negras, chicote à mão e muito rancor, muito rancor. Um Natal Feliz a todos e um Novo Ano pelas bênçãos de Deus de realizações e sonhos, inclusive, ao Rei e sua Corte. Somos todos parte nessa história, andarilhos do tempo em busca de evolução.

Amadeu Robson Cordeiro
Auditor Fiscal