Primeiro medalhista olímpico do Brasil em Tóquio, Kelvin Hoefler entrou em atrito com a CBSk (Confederação Brasileira de Skate) há cerca de um mês, às vésperas da viagem ao Japão. O motivo da irritação do atleta foi o veto ao credenciamento de sua mulher, a fotógrafa Ana Paula Negrão, para os Jogos. Mesma situação vivida pelo surfista Gabriel Medina e sua esposa, Yasmin Brunet. Ambos argumentaram que elas possuem funções técnicas e são cruciais para suas performances esportivas.
Kelvin não se conformou com o fato de não poder levá-la e insistiu com os pedidos, todos negados. Diante da frustração, cortou relações com dirigentes e bloqueou a conta da confederação nas redes sociais. Logo depois da medalha de prata na tarde deste domingo (25), a CBSk tentou, mas não conseguiu marcar a conta do skatista para parabenizá-lo. Horas mais tarde, ele desbloqueou o perfil da entidade.
Os apelos de Kelvin para conseguir que Ana Paula fosse liberada para acompanhá-lo na viagem incluíram até um pedido para que o governo japonês fosse acionado, mas isso não era possível.
Devido à pandemia de Covid-19, o número de credenciais liberadas para o evento foi menor do que em outras edições. No caso do skate, a confederação decidiu levar a comissão técnica da entidade. Assim, nenhum atleta foi acompanhado por treinador ou estafe particular, com exceção de Rayssa Leal, que tem 13 anos e está acompanhada pela mãe.
Kelvin confirmou à reportagem que ficou insatisfeito com a situação e fez comparações com o caso de Medina. “A parte psicológica dele deve ter sido afetada, porque a esposa ajuda, assim como a minha. Não sei se é a técnica dele, mas é a pessoa em quem ele confia e que está do lado para poder ajudar”.
Durante a final, Kelvin ficou em contato com Ana Paula pelo telefone e disse que sem os conselhos dela e de Pâmela Rosa, outra skatista brasileira nas Olimpíadas, não teria chegado à medalha. Feliz com a conquista, entretanto, tratou a questão como superada. “Minha esposa é minha técnica. A gente sente falta de um técnico, e eu senti falta. Isso é fato. Mas ganhei medalha, estou no lucro. Já apagou. A gente [skatistas] nunca esteve aqui [nas Olimpíadas], então esse momento é único e só quero curtir”, afirmou.
“Divergência a gente tem, todo mundo tem, mas está tranquilo, eu faço o meu corre e estou torcendo para todo mundo, CBSk, Leticia [Bufoni] também. Independentemente de qualquer coisa, é o Brasil”, completou.
Nas redes sociais, a skatista brasileira Leticia Bufoni explicou por que inicialmente não fez referência à conquista da prata. “O Kelvin, pelo que vocês perceberam, nunca está com a gente nos rolês. Nunca faz parte das nossas atividades. Por uma opção dele, ninguém aqui tem nada contra ele, muito pelo contrário. Está todo mundo aqui comemorando, muito feliz que o Brasil ganhou uma medalha, a primeira [do país].”
“Respeito muito a história dele, o moleque anda muito de skate, não tem nem o que falar, mas infelizmente ele não gosta de estar com a gente. Um exemplo grande, a CBSk, a confederação brasileira de skate, não pode nem marcar ele nos stories, porque ele bloqueou”, continuou. A confederação afirmou nas redes sociais que a medalha do atleta foi um marco que sempre estará guardado na memória do skate mundial.
Fonte: Esporte ao Minuto
Créditos: Polêmica Paraíba