A boiada dos agrotóxicos está passando cada vez mais livre no Brasil. Desde que assumiu a presidência, em janeiro de 2019, o governo Bolsonaro já autorizou mais de 1.250 substâncias prejudiciais à saúde e ao meio ambiente a serem usados livremente na agricultura. Muitas delas estão proibidas na União Europeia há 20 anos.
Entre as substâncias aprovadas pelo governo Bolsonaro estão o herbicida Tebuthiuron, banido da União Europeia em 2002. De acordo com pesquisas, o agrotóxico pode provocar danos ao meio ambiente e à saúde por anos. Ele afeta a água e pode causar alterações hormonais em peixes que tiverem contato com suas moléculas.
“São moléculas muito antigas, que correspondem a 70% do total liberado. E muitos foram autorizados no Brasil depois de terem sido banidos em outros países. É uma vergonha um país fazer papel de lixeira”, afirmou Sonia Corina Hess, professora de Engenharia Florestal e Agronomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), à “Rede Brasil Atual”.
De acordo com a revista “Veja”, das 493 substâncias aprovadas em 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) considera que 25 são tóxicas para a saúde e 251 são prejudiciais ao meio-ambiente. A publicação alerta que, no momento em que um número muito alto de substâncias perigosas estão sendo liberadas, a fiscalização sobre esses produtos têm sido inadequada.
No fim do ano passado, um levantamento mostrou que o Brasil é o segundo maior comprador de agrotóxicos fabricados na Europa, mas proibidos pela União Europeia. Apesar disso, os alimentos produzidos em países que utilizam as substâncias muitas vezes é importado pelas nações europeias.
“É o ciclo do veneno. Sabemos que esses agrotóxicos são perigosos, mas os vendemos e externalizamos os impactos de nosso próprio consumo. Enquanto isso, camponeses, indígenas e pessoas que vivem próximas ao campo sofrem no Brasil”, comentou um dos autores da pesquisa, Laurent Gaberell, da organização suíca Public Eye.
Fonte: Hypeness
Créditos: Hypeness