Não basta a polícia

Marcos Tavares

Quando o Estado se ausenta, o crime toma seu lugar. Nas comunidades onde a presença do Estado é sentida através de serviços e ações, o crime até acontece, mas em escala muito menor. É o desaparecimento do Estado, como entidade, que faz com que territórios passem a ser dominados por quadrilhas que vivem segundo suas próprias leis. O Brasil viu isso no Rio de Janeiro, quando uma operação de guerra teve de ser realizada para retomada de morros controlados pelo crime organizado. Exército e polícia tiveram de travar uma batalha para restituir ao cidadão o território que por direito era seu.

Só que apenas polícia não basta. O Estado tem de comparecer, depois das UPP ou UPS com todos os serviços essenciais ao funcionamento da comunidade. Educação, saúde, saneamento devem compor com a segurança um elo de presença do poder público ou viveremos em constante estado de guerra, pois simplesmente o aparato policial não vai garantir a cidadania de ninguém. Sem trabalho, sem escolas, sem remédios, a população volta outra vez a tornar-se alvo fácil do tráfico com sua assistência social capenga e montada na crueldade e na exigência. Ou o Estado assume integralmente sua função, ou polícia pacificadora nenhuma vai trazer paz.
É enganoso pensar que a ocupação militar simplesmente vai integrar a polícia à comunidade. Enquanto a polícia cometer excessos, corromper-se, discriminar e tratar o cidadão comum como um inimigo ela também será vista como inimiga e os bandidos terão sempre um território fértil em que cravarem sua bandeira. É preciso mudar a polícia e levar mais que polícia para as áreas periféricas integrando-as no grande contexto da cidade, fazendo com que seus habitantes se sintam parte de algo maior do que o crime e a bandidagem.

Devagar
É assim que anda nossa Justiça em todas as instâncias. O TSE declarou inelegível a candidata vitoriosa em Pombal Pollyana Feitosa, isso depois de quase um mês das eleições.
Será que os senhores juízes não poderiam poupar esse aborrecimento a prefeitos e aos cidadãos, julgando todas as pendências antes da eleição quando elas ainda podem ser consertadas?
Parece que não. Assim, a vontade do povo é derrubada pela vontade de alguns juízes que interpretam a Lei à sua maneira e deixam poucas margens para contestação.

Nomes
Cartaxo correu o risco de rompimento e deixou Roseana Meira fora do seu secretariado como já era esperado. Nadja Palitot retorna à cena administrativa no Procon, um prêmio de consolação que não foi dado nem oferecido ao ex-vereador Tavinho Santos.
Já a jornalista Marly Lúcio muda radicalmente e deixa as letras da Comunicação para se dedicar à alta ciência e tecnologia.
Mais uma mostra da versatilidade na imprensa paraibana.

Seca
Que o Sertão está seco já se sabia, mas o litoral é novidade. João Gonçalves teve dificuldade para arrancar dos deputados a cota para pagar a viagem que fizeram para inspecionar o clima no Estado.

Tal e qual
Veneziano tem dificuldades em inovar, tanto que parte para a mesma caravana com que Maranhão percorreu o Estado no Governo de Cássio.
É bom ele lembrar que a caravana de Maranhão passou e os cães não uivaram. Nem os votos pintaram.

Espírito
Analistas políticos identificam uma nova fase no governo Ricardo Coutinho, mais generosa e menos autocrática.
Ricardo estaria revisando seus conceitos políticos depois da derrota nas eleições municipais.

Próximos
Ainda sobre Ricardo, comenta-se – à boca pequena – uma possível reaproximação do governador com Maranhão.
Isso lhe daria base no PMDB e ele sairia da dependência de Cássio Cunha Lima.

Indigentes
Contagiados pela Globo, algumas televisões locais insistem em editar uma musiquinha e um balé de funcionários todo final de ano. Como lhes falta talento e arte, as cenas provocam pena. O que não é uma emoção natalina.

Tremores
Um aiatolá iraniano afirma que os terremotos são causados pelo comportamento sexual desregrado de certas mulheres.
A ser verdade, apertem o cinto, pois a Terra vai tremer.

Frases…

Voando – É incrível como uso de drogas atrai OVNIs. É fumar e ele aparecer…
Tardiamente – Deixe para pedir suas desculpas no velório.
Grave – No Brasil, somente uma lei é respeitada. A da gravidade.