Ainda em janeiro, quando Aguinaldo Ribeiro (PP) tinha a pré-candidatura à presidência da Câmara Federal posta, circulou uma informação que haveria um acordo do deputado paraibano com o PSL. Na época, Aguinaldo não tinha o apoio do próprio partido, que já havia lançado Arthur Lira, que viria a ser eleito. As informações apontavam que o PSL apoiaria Aguinaldo em troca de uma filiação futura. Seis meses depois, a história ganhou novos contornos.
No jantar em Brasília que fechou a filiação do apresentador José Luiz Datena ao PSL, esteve presente, além de líderes do partido e do MDB, o deputado Aguinaldo Ribeiro. Vale lembrar que PSL e MDB têm um acordo em torno de um projeto nacional visando as eleições do ano que vem. Mas o que Aguinaldo, do PP, base de Bolsonaro, foi fazer no jantar?
Para o presidente estadual do PSL, Julian Lemos, a presença do colega parlamentar “não tem nada de especial”. Em entrevista exclusiva à reportagem, ele afirmou que Aguinaldo, na sua visão, também está em busca da construção de uma terceira via. “Ele estava em Brasília, tem contato com o pessoal também, é normal. Em Brasília, todo mundo se conhece, e como ele faz parte, ele é um entusiasta da terceira via, me parece, é natural que esteja”, respondeu Lemos.
Aguinaldo ainda segue distante da cúpula nacional do PP desde as eleições para a presidência da Câmara. Questionado se o jantar não pode significar uma mudança de partido de Aguinaldo ou se há um convite para que isso aconteça, Julian Lemos foi taxativo: “Não penso nisso não”. Ele completou dizendo que não há expectativa de uma possível ida do pepista ao partido: “O PSL aqui na Paraíba já tem uma linha de pensamento, eu não tenho nenhuma expectativa de Aguinaldo vir para o PSL”.
Datena e até Sergio Moro
Julian Lemos também foi perguntado sobre a filiação de José Luiz Datena ao partido e uma possível disputa nacional. Ele fez elogios ao apresentador: “Datena já se filiou. Ele tem grande chance de se comunicar com o país, é muito conhecido, é um comunicador muito importante, tem sensibilidade social”.
O deputado defendeu uma quantidade maior de nomes à disposição da população e citou o ex-juiz federal Sergio Moro : “Eu disse que era bom Moro no processo eleitoral, não disse que era no PSL. Eu não tenho nenhuma dificuldade de trabalhar com a democracia e sua plenitude de nomes que possam somar no quadro de opções para o povo brasileiro”.
Perguntado se Moro não perdeu força e apelo nacional após as derrotas no STF, Lemos disse que o ex-juiz “sairia de uma condição de jurista para uma de político”. “O que aconteceu em relação a Justiça não muda seu valor como homem decente, honrado. Ele tem serviços prestados de mais ao país. Não se trata de Sérgio Moro, se trata de uma banca de juízes muito grande que corroboraram com suas decisões. Ele tem meu apoio, minha admiração e eu conheço Moro, é um homem honesto”, avaliou o vice-presidente nacional do PSL.
Ao fim, ele também voltou a afirmar que não estará nem com Bolsonaro, nem com Lula: “Eu, todo mundo sabe que eu votei em cima de um conceito de ideia de mudança no Brasil, de uma unidade de país, e hoje eu tenho um sentimento de um país muito dividido. No momento que o candidato que eu votei muda de discurso e a conduta dele é uma conduta diferente dos seus compromissos de campanha, eu me sinto à vontade para pegar aquela outra opção. Dos nomes que estão aí, as duas opções que estão aí hoje, não tem meu voto”, disse Julian.
Fonte: Samuel de Brito
Créditos: Samuel de Brito/Polêmica Paraíba