Perspectivas do PMDB

Paulo Santos

Tudo indica que nesta terça-feira (18) o PMDB paraibano fumará o cachimbo da paz e a chamada “chapa de consenso” deve se aboletar no comando do partido durante os dois próximos anos. Usar a expressão “chapa” é camaradagem porque o regime, nos partidos políticos, é absolutista.

São poucos os peemedebistas que acreditam em melhores dias para a agremiação que será dirigida pelo ex-governador José Maranhão e isso não se deve, necessariamente, porque a condução estadual será ocupada por “A” ou “B”. O problema está nas derrotas consecutivas que o partido vem sofrendo em eleições majoritárias e não dá sinais de que pode ser revitalizado.

É temerário, contudo, prognosticar que o PMDB poderia receber sopros renovadores se os protagonistas da recente rebelião assumissem a direção estadual. É provável que seria uma troca de seis por meia dúzia porque os interesses pessoais são os mesmos, não importando a qual grupo pertençam.

Caso não tome iniciativas rejuvenescedoras, adotando maior identificação com a maioria do eleitorado (sobretudo os segmentos mais jovens) o PMDB estará condenado a se tornar freguês do esquema comandado pelo senador Cássio Cunha Lima e apoiado pelo grupo do governador Ricardo Coutinho.

O presidente estadual que deve assumir, ex-governador Maranhão, já deu inúmeras demonstrações de que é a maior liderança do partido, mas ao mesmo tempo demonstra a fragilidade do condomínio peemedebista nas eleições majoritárias para o Governo do Estado e, neste quase findo 2012, nas disputas municipais de João Pessoa e de Campina Grande.

Diz-se nos bastidores que o PMDB não dialoga internamente. É uma acusação injusta. Nos outros partidos o diálogo é restrito a duas ou, no máximo, três pessoas quando não se resume a uma única figura expressiva. Todos padecem dos mesmos defeitos, mas há os que se dão bem com esse procedimento e outros que se dão mal. O PMDB, por enquanto, está nessa segunda opção.

Só os ingênuos ou os incautos podem imaginar que o prazo de dois anos – duração do mandato da próxima direção – é suficiente para o PMDB adotar nova postura e caminhar célere para retomar o Palácio da Redenção em 2014 que é, de fato, o maior objetivo de qualquer agremiação no Estado, seja Veneziano Vital ou qualquer outro o concorrente.

Essa missão começa a ser difícil porque há muito que as relações internas no PMDB são oxigenadas pela desconfiança entre todos os integrantes dos três grupos em que o peemedebismo está dividido no Estado e essas barreiras não será derrubadas num passe de mágica.

Haverá outros desafios permeando as projeções do PMDB. O partido terá que viabilizar um projeto de oposição ao governador Ricardo Coutinho que o mantenha na condução de líder desse processo, mas que também possa uni-lo a outros partidos (PEN, PSC, etc.). É no diálogo externo que o PMDB se dá melhor.

A mesma direção que deve assumir o comando do partido também deverá afastar, num prazo relativamente curto, as desconfianças de que há um encaminhamento de conversas com o governador Ricardo Coutinho visando a uma composição em 2014. Esse desfecho poderia, hipoteticamente, unir José Maranhão (candidato a senador) e Wilson Santiago (candidato a vice-governador), mas tiraria do páreo o hoje prefeito Veneziano.

AINDA O PMDB
O jornalista Edmilson Lucena foi consultar alguns alfarrábios e descobriu coisas curiosas a respeito do PMDB. Constatou, por exemplo, que o partido na Paraíba permaneceu por mais de 11 anos (de 17 de março de 1966 a 20 de julho de 1977) sob o comando do então senador Ruy Carneiro. Humberto Lucena, a partir da morte de Ruy, permaneceu cerca de 21 anos (20 de julho de 1977 a 13 de abril de 1998) no comando. O substituto foi Haroldo, irmão de Humberto, que dirigiu o PMDB paraibano por nove anos (24 de maio de 1998 a 11 de fevereiro de 2007). Três dirigentes, em 41 anos, não é um bom exemplo de renovação.