2014: PT integrará bloco para disputar governo

A tese de lançamento de candidato próprio do Partido dos Trabalhadores ao governo da Paraíba em 2014 dificilmente terá condições de prosperar, pela falta de quadros competitivos para o páreo. A tendência do PT é a de integrar um bloco político-partidário com influência para participar do processo e reforçar, em âmbito estadual, a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Essa hipótese passou a ser admitida depois que o secretário nacional de Organização, Paulo Frateschi, em encontro no final de semana em João Pessoa, avaliou a conjuntura com líderes estaduais. O presidente do diretório regional, Rodrigo Soares, revelou que houve avanços nas eleições municipais deste ano, principalmente com a vitória do deputado Luciano Cartaxo a prefeito da capital, no segundo turno, mas confirmou que não há cogitação de nomes para concorrer ao governo, devendo a agremiação postular outros cargos majoritários numa coligação de que venha a participar, como a vice-governança ou uma vaga ao Senado e empenhar-se em ampliar bancadas legislativas, na Câmara Federal e na Assembléia.

O único deputado federal do PT paraibano é Luiz Couto, que possivelmente deverá abrir espaço atendendo a uma resolução interna que prevê rodízio nos quadros de representação interna. Na Assembléia, com a renúncia de Luciano Cartaxo para assumir a prefeitura, ascenderá à titularidade o pastor Jutahy Menezes, do PRB, que se somará a dois petistas: Anísio Maia e Frei Anastácio Ribeiro. O PT chegou a ter candidatos próprios a governador na década de 80. Em 82, lançou o advogado Derly Pereira em meio a uma disputa acirrada entre Antônio Mariz (PMDB) e Wilson Braga (PDS), que resultou na vitória deste último. Em 1986, o confronto se deu entre Tarcísio Burity, concorrendo pelo PMDB, que foi eleito, e Marcondes Gadelha, então filiado ao PFL. O PT lançou a candidatura do professor universitário Carlos Alberto Dantas. Na década de 90, depois de intensas divergências e até defecções, a agremiação aceitou evoluir para a política de alianças com agremiações e lideranças vinculadas a grupos tradicionais, destacando-se a composição com Cássio Cunha Lima (PSDB) para a prefeitura de Campina Grande, tendo como vice Cozete Barbosa, e a aproximação com o PMDB, comandado por José Maranhão, que disputou o governo em 2006 tendo como vice Luciano Cartaxo e tentou a reeleição em 2010, adotando Rodrigo Soares como companheiro de chapa. Nos dois embates, as chapas foram derrotadas.

Para líderes petistas, o ano de 2012 marcou uma ruptura na estratégia da agremiação. Ganhou ímpeto a tese da retomada do protagonismo petista no campo eleitoral, com a absorção da candidatura de Cartaxo em João Pessoa. O processo, ainda assim, não foi pacífico. Uma corrente liderada pelo deputado Luiz Couto e pelo superintendente do Sebrae, Júlio Rafael, defendia a aliança com o PSB do governador Ricardo Coutinho, que acabou lançando Estelizabel Bezerra como candidata. Cartaxo impôs-se com o apoio das direções estadual e nacional, não restando ao diretório municipal, dirigido por Antônio Barbosa, outra alternativa senão a de acatar a decisão da maioria. A aposta revelou-se acertada. Cartaxo foi para o segundo turno, desbancando Estelizabel e José Maranhão, e atraiu dissidentes do ‘Coletivo’ liderado por Ricardo Coutinho, como o atual prefeito Luciano Agra, que se desfiliou do PSB, e o jornalista Nonato Bandeira, do PPS, que ganhou a vice na chapa encabeçada pelo PT e consagrada no confronto com o tucano Cícero Lucena em segundo turno.

Essa reviravolta gerou o ensaio de extensão do protagonismo para a disputa pelo governo do Estado em 2014, mas a avaliação que começa a ser feita está sendo realista e identifica dificuldades de vitória naquele pleito. Até lá, o PT decidirá se volta a se compor com o PMDB, onde há um candidato pré-lançado ao governo – Veneziano Vital, prefeito de Campina Grande, ou se alia a Ricardo Coutinho, que teoricamente concorrerá à reeleição. Esta última hipótese é tida como problemática e aparentemente inviável. O partido vai aguardar o desempenho administrativo de Cartaxo na capital e o desfecho do Processo de Eleição Direta para renovação de diretórios em 2013, só então tomando uma posição mais nítida. Se não estivesse desgastado junto aos colegas de legenda na Paraíba, Luiz Couto seria pule de dez para integrar uma chapa majoritária, todavia, seu nome é tido como fora de cogitação, diante das seqüelas dos desentendimentos que enfrentou no pleito de 2012.

Do Blog com Nonato Guedes