Vez por outra RC parece com RC

Gilvan Freire

Um filósofo do interior do país entende que a maior busca do homem é procurar achar a si mesmo, o ilustre desconhecido que está dentro de cada pessoa e aparece de vez em quando. A controvérsia é saber quem é mais real, se o homem que aparece dentro de cada um vez por outra, ou o homem mais permanente, aquele que é surpreendido pela presença do outro que aparece sorrateiramente, ou seja: cada homem é outro, e não apenas ele mesmo, pois há horas em que surge um estranho dentro dele. O homem é um ser surpreendente e um tanto quanto anormal.

Essa anormalidade leva as pessoas a tomarem atitudes diferentes das habituais e, às vezes, até opostas. É esquisito, não?

Shakespeare já havia compreendido essas distorções do caráter humano e, estarrecido, chegou a desconfiar da fragilidade psicológica das pessoas. ‘A anormalidade psíquica é uma ficção’, disse ele, de tanto ver a ambigüidade de conduta entre os seus semelhantes em sua época.

SHAKESPEARE E A PARAÍBA DE HOJE

Vivesse o grande dramaturgo inglês entre nós, na Paraíba, iria aprofundar sua teoria, pois nosso governante atual é um homem em busca de si próprio, tal diversidade de conduta que apresenta, umas contradizendo as outras.

Na escolha do reitor do UEPB, acatando o resultado das eleições internas da instituição, RC foi fiel ao que antes de ser governador pregava, mas prolongou a escolha até ao último dia pretendendo negar suas próprias crenças, ou a sua própria personalidade. De tanto contradizer-se e conflitar-se com o mundo e consigo mesmo, RC é um homem que hora sai a busca do que já foi, ora não assume o que era. É um ser confuso, com direito de não ser normal só para parecer com outros da mesma natureza.

Ninguém sabe porque RC nomeou Rangel, a quem não queria nomear, já que medo de crises ele não tem. Será porque a eleição na Capital o ensinou a ir buscar de volta o outro homem que já esteve dentro dele? Afinal de contas, RC encontrou o outro RC e passou a entender que é melhor resgatar o ser perdido para que ambos os seres da mesma face não morram juntos?

Rubens Nóbrega, dramaturgo do cotidiano paraibano, que ainda não descobriu que o que nos une a RC é a anormalidade psíquica própria de todos os seres, esquivou-se de analisar esse quadro Shakespeariano e ameaçou entregar os pontos: “… Estou pensando seriamente em desistir de fazer análise dos atos do governador Ricardo Coutinho. Vai ver é caso para a psicanálise e olhe lá.” Desista não, Rubão, você já começou a entender!