"lacrado e abandonado"

MOVIMENTO TERRA LIVRE: jornalista que atuou no O Norte fala sobre a referência do jornal na PB e comenta a ocupação dos sem-tetos

No último dia 09 desse mês, o Polêmica Paraíba publicou uma matéria mostrando a realidade e, que vivem os moradores de rua que ocuparam, há um ano e três meses, o prédio do antigo jornal O Norte, localizado na Avenida Dom Pedro II, no Centro de João Pessoa.

No último dia 09 desse mês, o Polêmica Paraíba publicou uma matéria mostrando a realidade em que vivem os moradores de rua que ocuparam, há um ano e três meses, o prédio do antigo jornal O Norte, localizado na Avenida Dom Pedro II, no Centro de João Pessoa.

Diante do acontecimento, a reportagem do Polêmica Paraíba ouviu um dos jornalistas que trabalhou no antigo jornal, e que relatou sua experiência, na época em que o O Norte era ativo e uma referência no jornalismo paraibano.

O jornalista Tião Lucena, trabalhou no O Norte no fim da década de 70, e foi contratado para trabalhar com a edição da página do interior, mas logo passou a integrar a equipe de repórteres políticos.

“Trabalhei em O Norte no final da década de 70. Fui contratado para editar a página do interior e posteriormente integrei a equipe de repórteres políticos. Era, então, o mais lido jornal do Estado”, disse, o jornalista.

Segundo Tião Lucena, o jornal era dirigido pelo Marcone Góes de Albuquerque e tinha como superintendente o jornalista Teócrito Leal e como editor, Evandro Nóbrega.

Tião lembra que o jornal integrava a cadeia dos Associados, que na Paraíba era integrada, ainda, pelo Diário da Borborema e pela TV Borborema. Depois o conglomerado fundou a rádio O Norte FM, de vida curta.

O jornalista relata o quanto a sede do jornal era muito requisitada por políticos e religiosos e quanto o Marcone Góes era querido por todos.

“A sede de O Norte era mais requisitada do que o Palácio da Redenção. Visitavam-na o governador, o senador, o deputado, o vereador, o prefeito, o vigário, o arcebispo e o presidente do Tribunal de Justiça. Todos oferecendo abraços e afagos a Marcone Góes, condômino dos Associados e ‘dono’ do jornal”, acrescentou, Tião Lucena.

Na ampla sala de reuniões Góes os recebia com rodadas de uísque e salgadinhos finos.
Mas chegou o dia da queda de Góes. Foi depois do atentado de Ronaldo Cunha Lima a Tarcisio Burity.

Segundo o jornalista, o jornal O Norte tomou o partido de Burity e declarou guerra ao então governador. Mas parece que houve uma oferta generosa ao dono dos Associados, que aceitou e, ao final, foi desmascarado e destituído.

“Vieram os diretores de fora, de Pernambuco e, parece, até de Minas. Estes não tinham compromissos com a história do jornal. Viviam para agradar os condôminos sulistas, que só visavam lucro. Daí a derrocada e o fechamento do jornal”, disse, Tião.

O jornalista, Tião Lucena, enxerga o fechamento do jornal, como um momento marcante. Para ele, os acontecimentos políticos que motivaram o fim do jornal na Paraíba. E o pior seria o desaparecimento do arquivo do jornal.

“E como desgraça pouca é meio de vida, o prédio foi lacrado e abandonado. Servindo hoje de abrigo a sem-tetos. O pior são os arquivos de O Norte, fundado pelos irmãos Soares no começo do século passado. Ninguém sabe onde foram jogados”, finalizou, Tião Lucena.

Fonte: Adriany Santos
Créditos: Adriany Santos