Tudo no mesmo "Balaio"

Bruno Filho

Coincidentemente no auge da notícia principal do dia de ontem,estive na BR-230 local aonde costumeiramente passava, mas que de uns tempos para cá tenho ido poucas vezes.Fui com minha esposa à casa de uma pessoa conhecida que mora no Bairro do Renascer,bem próximo da linha férrea que liga Cabedelo à Santa Rita.

Eu nunca tinha feito este percurso e não conhecia esta comunidade da cidade. Lembrei que nesta mesma estrada quase urbana,será construido um prédio de 80 milhões de reais para abrigar a nova sede do Ministério Público da Paraíba,valor que ainda deverá ser somado a outros custos.

Confesso que não sou catedátrico em Cub, valores de metros quadrados e “expert” em construções sejam elas comerciais ou para moradias.Fui me informar sobre valores e descobri algumas discrepâncias,embora eu não conheça todos os bairros e localidades de João Pessoa.

Aliás meu comentário não se baseia nisso,baseia-se nos contrastes.Encontrei no Renascer várias ruas que ainda não possuem pavimentação,uma infra-estrutura que deixa a desejar a seus moradores e alguns outros detalhes que não vem ao caso,são muitos.

Se lá for construído um Palácio como se anuncia,será mais ou menos um cenário de filme retratando séculos passados quando os senhores feudais e marajás reinavam absdolutos na frente da pobreza e do descalabro das desigualdades sociais.

O ministério Público, apesar de sua grande representatividade,não é o culpado ou responsável por isso.Aliás trabalha para ajudar o povo em vários setores e na maioria das vêzes com muito afinco e sucesso.Não é esse o caso.O que eu gostaria de transmitir é o precedente que isso significa.

Estamos numa época em que os viventes brasileiros fazem,e com razão, comparações de tudo o que é sinal de dinheiro mal gasto e esbanjado em contraposição ao que necessitam e acham que deveria ser feito com ele.Não há perdão.Em meio a tantas desgraças sociais não cabe diante de um povo sofrido nenhum sinal de abundância.

Temos entre outros no país e na nossa região em especial,problemas gravíssimos com a saúde,com a educação que teve através do ENEM divulgadas médias horríveis de nossos alunos,na segurança aonde deixamos a desejar e perdemos nossos amigos e parentes e no combate às drogas e violência.Moradia nem se fala,é preocupante.

Isso sem citar a terrível seca, que depende de uma transposição que muitos irão morrer sem ver concluída.Isso só para não ser extenso.Então não é momento para construções vultuosas, pois no pensamento do povo, tudo está inserido no mesmo “balaio”.Pura verdade,pois o povo é sábio.

No mínimo, falta bom senso a nossos governantes e representantes públicos.Principalmente quando uma notícia de vulto como essa chega à opinião pública já resolvida.Não foi colocada à apreciação e quando divulgada veio pronta.Não houve tempo de reação.

Segundo palavras do máximo mandatário do Ministério Público, não existe obrigação em divulgar todos os assuntos pertinentes ao órgão,como se o povo não fosse o senhor de todos os assuntos públicos.Afinal ouvi em algum lugar alguém dizer e nunca mais esqueci…”o poder emana do povo…” será ?

As vesperas de uma Copa do Mundo, piorou.Esta competição está “engasgada” na garganta de todo mundo.São 12 Estádios que vão consumir 10 bilhões de reais ! Isso sem falar em reformas e mais reformas em locais de mobilidade que certamente não deixarão o legado esperado.

Então…é fácil concluir.Não é hora disso.Não é hora de suntuosidade, pois o povo coloca tudo no mesmo “balaio” sim.Todos estão cansados, esgotados.Ninguém suporta mais sofrimento, e tudo o que é divulgado e tem tom de afronta piora as coisas.Vamos recuar pelo amor de Deus.

O Ministério Público, dentro de suas atribuições, me parece ter como fundamento básico o bom senso.E é justamente isso que está faltando neste momento.Não quero saber de preços de material de construção,cubs e nem de permuta de terrenos,quero apenas saber o que o povo poderá ganhar com isso.Afinal ,chega de perder !

Bruno Filho,jornalista e radialista,que respeita os poderes constituídos mas que enxerga um povo sofrido de longe.

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