O Tamanho da Rivalidade

Bruno Filho

É exatamente o que eu gostaria de saber.O tamanho da rivalidade que existe entre Brasil e Argentina.Quando e por quê surgiu, extrapola o âmbito futebolístico, transcende os campos de futebol.Lógico que existem explicações diversas, mas a maioria dos brasileiros e a maioria dos argentinos cultiva essa “guerra fria” que existe entre os dois países.

Imagino que o principal motivo seja a língua, eles falam “castelhano” surgido do espanhol e nós o português.Aliás somos os únicos no Continente que falamos de forma diferenciada.A colonização influenciou, pois o tal “Tratado de Tordesilhas” que dividia a America do Sul não foi respeitado pelos portugueses,e isso “acrescentou” terras à nossa suposta metade.

Obviamente, deixando de lado o político-geográfico chegamos ao futebol,que surgiu depois que ambos, unidos pela unica vez na história, “massacraram” os paraguaios na famigerada Guerra do Paraguai, aonde 80% da população Guarani foi dizimada.Lá, agiram como grandes aliados. E foi só.

Tivemos durante o século passado grandes jogos pelos Sul-Americanos e Copa Rocca, que hoje foram substituídos pelo tal Superclássico das Américas, no fundo é a mesma coisa.E aí, histórias de brigas, correria, “amarelão” e fugas.Na década de 40 foram muitas, e grandes jogadores da época relembravam fatos acontecidos, sempre com vantagem dos argentinos.

Por qual motivo fomos subjugados por anos a eles no aspecto valentia ?.Por quê seriam os argentinos mais “machos” que os brasileiros ?Por quê os argentinos não temem nada e nem ninguém ? Estão sempre dispostos a brigar com quem quer que seja,sem medir consequências e quantidade.As vezes são 3 contra 20 ,6 contra 50.

O país que já foi considerado o mais europeu das Américas, aonde temos que admitir, existe uma cultura latente.Eles tem um povo politizado e que se afeiçoa muito mais do que nós por algumas coisas, como por exemplo leitura.Em Buenos Aires existem 10 vezes mais livrarias do que em São Paulo.Não há um taxi sequer que não ofereça um jornal para ler.

Todavia, perdem de longe na economia, então por aí pode morar uma “pontinha” de ciume das terras brasileiras.Se formos pensar em ditaduras, as duas foram terríveis,em termos políticos os dois tiveram “grandes” e desprezíveis homens, nas artes , na música, inclusive no que tange ao futebol, equilíbrio das duas pátrias.

A pergunta incessante:quem foi melhor Pelé ou Maradona.Aonde existem mais analfabetos ? Qual capital é a mais conhecida ? Inúmeros aspectos que se fossemos enumerar não caberia aqui.Será uma discussão sem fim..nunca haverá, de nenhum dos lados, pessoas que admitam essa supremacia de A ou B, principalmente com a bola rolando.

Sem dúvida eles se acham “donos do mundo” , e o acontecido no Morumbi decreta isso.Vêm à casa do vizinho, criam um grande conflito sem que tenham sido provocados e depois acuados, fazem o papel do coitadinho e não voltam pára jogar o segundo tempo da partida, deixando 60 mil pessoas e milhões de telespectadores vendo seu dinheiro sendo jogado fora.

Precisam de uma punição rigorosa para que aprendam a sentir o peso do erro.Deveriam ter recebido essa reprimenda já na Copa de 78 quando vergonhosamente, e alguns deles admitiram, venceram uma partida “negociada” com alguns jogadores peruanos.Provocaram a Guerra das Malvinas por um capricho, quiseram enfrentar os poderosos ingleses e foi um massacre.

Continuam se achando a mística do mundo, mantem uma postura de altivez que não os leva a nada.Pararam no passado, ainda cultivam o triste Tango cheio de desgraças morais. No campo esportivo querem deixar transparecer que jogar na “Bombonera” é para fortes.Que lá são invencíveis com a ajuda dos “Barras Bravas”.Assim passarão mais um século ?

Um conselho.Que sempre sejamos aqueles brasileiros que visitam Buenos Aires, que por lá se divertem e gastam os reais. E que eles sejam os argentinos que vão gastar o dinheiro nas praias de Santa Catarina elogiando o Brasil.Estes seriam os vizinhos ideais e não os que carregam um ódio que não consigo entender de onde veio.Só queria que terminasse.

Bruno filho,jornalista e radialista,que acha Buenos Aires interessante, mas um local extremamente antipático e triste.

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