Em entrevista à CNN, nesta quinta-feira (3), a médica infectologista Luana Araújo afirmou que já se manifestou nas redes sociais sobre questões de políticas públicas com as quais não concorda. Entretanto, afirmou desconhecer se este seria o motivo de sua nomeação para o cargo de Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde ter sido cancelada.
“Eu não costumo me posicionar contra governos específicos. Eu trabalho com governos, eu me posiciono contra políticas públicas que considero que não sejam apropriadas. Acho que tenho o direito e o dever, como cidadã brasileira, pesquisadora, epidemiologista, também de me posicionar com relação às políticas de saúde pública do meu próprio país”, disse a médica.
A CPI da Pandemia ouviu a médica na quarta-feira (2). Luana Araújo chegou a ser anunciada pelo governo federal para integrar a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde em maio, mas teve sua nomeação cancelada em apenas 10 dias.
“Estou ajudando e não indo contra. A partir desse momento em que me coloco a disposição para ajudar, a mim me parece muito estranho que um posicionamento de uma discussão anacrônica uma discussão que não tem cabimento, que influencie nesse tipo de situação. Mas é uma hipótese, eu não sei”, complementou a médica em entrevista à CNN.
Repercussão do depoimento
Luana Araújo afirmou que, após prestar depoimento à CPI da Pandemia na quarta-feira (2), recebeu mensagens de apoio e sentiu gratidão pela oportunidade de trocar experiências.
“Fico extremamente feliz e grata que uma situação quase traumática tenha sido transformada em uma oportunidade de troca de conhecimento com as pessoas. O que eu recebi das pessoas é uma sensação de avidez, que me faz querer dividir aquilo que eu sei”, disse.
Ainda no contexto de seu depoimento à CPI, a médica destacou a importância de proporcionar às pessoas a capacidade de avaliação, pautadas pela ciência e educação.
“Acho que eu consegui entender que existe um espaço muito importante para a educação das pessoas nesse sentido, e há uma carência para esse tipo de entendimento. A ideia não é fazer a cabeça das pessoas, mas dar ferramentas para que elas consigam por si, serem críticas o suficiente para avaliar o que está acontecendo e tomar a decisão delas, isso é o mais interessante da educação e da ciência”, afirmou Araújo.
Dispensa do cargo
Em entrevista à CNN, a médica Luana Araújo afirmou que não lembra exatamente as palavras usadas pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao ser dispensada do cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 da pasta. Mas disse ter notado algo “estranho” nos poucos dias que atuou na função.
“Eu vinha trabalhando normalmente com acesso muito livre, franco e direto ao ministro na construção desses desejos para condução da política pública. Houve, ao final do dia, esse encontro e essa conversa com a notícia. Eu entendi que a coisa estava um pouco estranha a partir do momento que existia uma data para essa nomeação. A gente sente as coisas, achei que havia alguma coisa estranha”, relatou.
“Foi uma conversa muito franca e direta. Ele [Marcelo Queiroga] sempre teve muita hombridade comigo. Ele expressou esse pesar e disse que, a despeito de todo o trabalho, lamentavelmente a minha nomeação não ia sair.”
Fonte: CNN Brasil
Créditos: CNN Brasil