dados da Transparência

Prefeitura de CG fez compras de mantas no valor 16,8 mil para cadáveres; valor custearia 10 dias de UTI

A Prefeitura de Campina Grande realizou, em março deste ano, a compra de coberturas para óbitos e manta térmica para o Hospital Municipal Pedro I no valor de R$ 16,8 mil.

A Prefeitura de Campina Grande realizou, em março deste ano, a compra de coberturas para óbitos e manta térmica para o Hospital Municipal Pedro I no valor de R$ 16,8 mil. Foram 500 unidades do produto para embalar corpos de vítimas do coronavírus, número que beirava o dobro de mortes registrados até então no município. Valor da aquisição poderia custear 10 dias de uma UTI Covid adulto – ou até dia de uma dezena de leitos de UTI Covid.

O empenho para compra foi realizada no dia 11 de março, quando a cidade contabilizava 598 mortes por coronavírus, além de 21.647 casos confirmados. Já o pagamento, foi realizado no dia 23 de março, nesta data o município registrava 22.706 casos e 637 mortes por Covid-19.

Uma portaria do Ministério da Saúde, publicada em março de 2020, fixa a diária de UTI II adulto para tratamento de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), no caso Covid-19, em R$ 1,6 mil.

Então, com R$ 16,8 mil a Prefeitura poderia investir 10 dias na manutenção de uma UTI e salvar vidas.

Ao invés disso, a Prefeitura fez a compra de coberturas para óbitos com quase o dobro de óbitos registrados até a data do pagamento. Confira pagamento:

(Foto: Reprodução/Transparência PMCG)

A ocupação de UTIs na data do pagamento da compra, conforme boletim divulgado pelo Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), com dados fornecidos pelas unidades de saúde, estava com taxa de 77% no Pedro I. A taxa geral de ocupação de UTIs no município era de 85%, apontado como crítico (nível vermelho) e à beira do colapso.

Nesta mesma data da compra, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), a cidade foi o segundo município com maior número de mortes em 24 horas por coronavírus, com dois óbitos.

Resultado
Sete dias depois do pagamento da compra, no dia 30 de março, Campina registrava 120 leitos ocupados no Pedro I, dos 140 disponíveis (já que 10 eram reserva técnica), o que apontava à época uma ocupação de 85% do hospital.

A taxa (85%) que era de todo município no dia 23, passou a ser apenas do hospital municipal, que apresentou uma alta de 8% na ocupação de UTIs.

No dia 30, Campina Grande foi mais uma vez a cidade com maior número de óbitos por Covid-19.

Falta de transparência

Os dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande foram alvo de reajustes determinados pelo Ministério Público da Paraíba, onde a partir desta semana a gestão de Bruno Cunha Lima (PSD) teve que retirar da taxa de ocupação de leitos dos hospitais privados.

Conforme a promotoria de Saúde, a inclusão dos leitos privados baixava a taxa de ocupação dos leitos de UTI Covid e passava uma falsa sensação de controle da pandemia no município.

São esses mesmos dados da Rainha da Borborema que não constam no site da prefeitura, nem na transparência Covid-19 do município. Na página do boletim Covid-19 só consta uma atualização do dia 28 de abril, além de outra página datada de 4 de março, ambos deste ano.

No “contador” externo na página do coronavírus da PMCG que divulga o boletim epidemiológico, a última atualização foi no dia 28 de abril às 22h52. Números atualizados há mais de um mês.

Neste ano, o boletim em formato de matéria no portal institucional da prefeitura consta, nas pesquisas, a partir do dia 30 de março. Neste formato de divulgação, inclusive, há um limbo temporal de seis meses sem dados divulgados. Um período nas escuras com relação aos números para a população entre 30 de setembro de 2020 – quando a cidade ainda era gerida por Romero Rodrigues, presidente do PSD – e 30 de março de 2021.

Fonte: POLÊMICA PARAÍBA
Créditos: PARAÍBA JÁ