"Ben-Hur" ao Longo da Minha Vida

Bruno Filho

Neste final de semana,como sempre “zapeando” na televisão, uma diversão que me acalma, me ajuda a escrever, e me faz rememorar o passado em muitas oportunidades, fui colocado frente a frente com esta obra-prima de Cecil B.De Mille, o filme mais exibido no Mundo em todos os tempos.

Por acaso,passando pelo TCM,vejo o filme começando. Eu já vi este filme umas 5 vêzes pelo menos,mas em cada vêz que fiz isso a minha vida estava em um patamar.Então posso analisá-lo de formas diferentes, é claro dando ênfase a forma como o vi neste dia,na minha atualidade.

Charlton Heston,que já não está entre nós,teve uma atuação brilhante.É o mesmo, eu é que mudei.Na primeira vez que vi o filme,eu tinha 10 anos de idade, foi no Cine Ipiranga, em Technicolor, novidade na época.Não entendi nada,vi apenas que minha mãe derramava umas lágrimas de vêz em quando.Achei bonito,chato e longo demais.

Na segunda vêz, no cinema novamente, devia já ter uns 20 anos.Foi a estréia do Cine Comodoro, já com a novidade de ter 3 telas ao mesmo tempo,tri-dimensional, o que viria a ser no futuro talvez o 3D. Novidade na época.O filme continuou longo para mim,mas percebi que existia a cena de Jesus embutida nele.Gostei.

Na terceira vêz eu já era adulto.Casado e com o meu primeiro filho, o vi na televisão.Minha situação financeira era boa,e como invariavelmente acontece o dinheiro no bolso esconde problemas.Naquela noite levei para o lado da gozação,aquele ar de superioridade.Digamos que estava mais para Messala do que para Quintus Arrius.

A quarta vêz, muitos anos depois e claro na televisão de novo, assisti ao filme sob outro prisma.Ali,idas e vindas na vida,sózinho, me coloquei na posição de Judah, o eterno sofredor do filme.Carregado de esperança imaginei que poderia um dia sair das “galés”…ou seja me recuperar.

Na quinta e última antes desta,vi o filme neste mesmo canal que vi agora,numa madrugada de solidão um pouco antes de mudar para esta terra abençoada que me recebeu.Pelas cirscunstâncias, chorei quase que o filme inteirinho, e me lembrei das lágrimas da minha mãe.Vi que tinham motivo,quase 40 anos depois.

Desta vez,fluiu na minha mente toda a trama bíblica que ali foi colocada, lógico puxando um pouco para o lado dos que tem fé,afinal é um filme Judeu que coloca Roma como “tirana” do mundo e sabemos que não foi bem assim.Roma foi mola-mestra da humanidade, tendo acertado mais do que errado,na minha opinião.

Tirei minhas conclusões para poder escrever este comentário.A primeira,que a família está acima de tudo e de qualquer coisa.Nunca negue os seus, seja lá qual for a situação.A segunda,nem todas as amizades sejam lá quais forem e por quanto tempo durem, devem ser consideradas como definitivas.

A terceira.O “cavalo da vida” passa selado algumas vezes á sua frente, e você deve saber quando montá-lo,mas não deixe escapar, ele pode não voltar.A quarta e mais importante, a fé deve ser inabalável.No momento certo alguém virá com um pote lhe dar a agua que matará a sua sede.

E a última, é um ditado árabe que aprendi desde cedo.A sorte e a oportunidade vem em forma de um bicho peludo na frente como um urso, e liso nas costas como um bagre.Agarre-o quando estiver de frente, pois de costas nunca conseguirá agarrá-lo.Mais ou menos o que aconteceu com Judah Ben-Hur.

Agora…faça tudo isso sem modificar o seu caráter, e sem macular a sua família.Mantenha a sua fé inabalável e respeite as leis de Deus.Não passe por cima nem que seja de um centímetro daquilo que ele ensinou.Mesmo na derrota,ela será mais leve e você conseguirá levantar se acreditar.

Aquele pote de água para quem tem sede, ou o pedaço de pão para quem tem fome tem significado.Não é apenas para desanuviar uma culpa ou responsabilidade que não são suas na maioria das vezes. Deve vir de dentro para fora e não ficar apenas na moedinha que você reservou no painel, para no cruzamento logo á frente dar a quem precisa.Pense nisso.

Bruno Filho,jornalista e radialista,que quase nunca assistiu o filme inteiro.É muito longo !

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