O Dia do Cronista Esportivo

Bruno Filho


A primeira vêz que empunhei um microfone ou sentei à frente de uma máquina de escrever faz muito tempo.Venho de uma família que pela manhã falava de futebol,na hora do almoço trocava de assunto e falava de futebol,a tarde para mudar um pouco…futebol, e à noite para variar futebol.

Meu pai foi cronista esportivo,desde que se conheceu como gente até o dia de sua morte,foram 50 anos na profissão.Meu irmão mais novo formou-se nessa profissão e enraizou-se desde os 15 anos de idade.Eu,bem,voces me conhecem.Então nesse dia que homenageia a todos nós resolvi lembrar de alguns grandes que conheci e que não conheci pessoalmente.

Cronica esportiva é sinônimo de Nelson Rodrigues,este cariocano(mistura de carioca com pernambucano) que sem dúvida foi o mais apaixonante da nossa profissão.Suas colunas até hoje servem de parâmetro quando se quer escrever algo picante e recheado de uma ironia inteligente.

Ao seu lado no mesmo patamar, o Mestre Armando Nogueira,este eu conheci…o homem que melhor escreveu sobre futebol no Brasil, e que teve a capacidade de inventar uma frase que representa toda a sua inteligência.O acreano certo dia escreveu…” Se Pelé não tivesse nascido gente,teria nascido bola…” Fantástico !

No rádio sou obrigado a reconhecer que Pedro Luiz foi o maior que vi na vida,narrador de uma qualidade e técnica impressionantes.Mas,enxergo em Fiori Gigliotti e Osmar Santos seus perseguidores.Estou na Paraíba, não pensem que vou esquecer dos cariocas…Valdir Amaral e Jorge Cury, ambos absolutos.

Não posso homenagear a todos…seria impossível.Nos comentários nada se comparou até hoje a João Saldanha,o homem mais inteligente que conheci no rádio esportivo e capaz dos comentários mais loucos e com sentido que já ouvi.Ao lado de João coloco Mario Moraes que um dia disse uma frase histórica na Vila Belmiro…

” Não há nada mais bonito do que ver Coutinho e Pelé,vestidos com essa camisa branca do Santos,confundindo os adversários que não sabem o que é Lua e o que é bola…” Isso é para poucos, ou para falar a verdade para quase ninguém entre os mortais.

Na homenagem aos reporteres reservo lugar para Eli Coimbra, meu amigo Eli…morreu de tristeza,melancolia ao perceber que estava no final da carreira.Um gênio da reportagem.Mais longe um pouco me recordo de Juarez Soares, o chinês era realmente dos bons.Falava com os jogadores a língua que queriam ouvir.

Na televisão,obviamente grandes nomes,Geraldo José de Almeida,Oduvaldo Cozzi,Fernando Sasso,Walter Abrahão,mas tenho que destacar dois dos que nos fizeram passar por alegrias e tristezas,querendo ou não, as duas maiores expressões de todos os tempos:Galvão Bueno e Luciano do Valle.

São muitos, quero lembrar de Recife com Barbosa Filho,Belo Horizonte com Geraldo Farias,o Rio Grande do Sul com o catedrático Professor Rui Osterman, enfim são tantos que não poderia falar deles todos.Todos amigos e queridos e a quem tenho um profundo respeito.Me desculpem os que não citei.

Chegando na Paraíba,continuo no meio em que adoro trabalhar, conheci novos companheiros e gostaria de homenagear Ronaldo Belarmino e Decio Freire,com isso homenageio a todos da minha equipe, cito Eudes Toscano,me parece o melhor por estes lados, e o querido Ivan Bezerra.

Em Recife, outro local de trabalho, José Bezerra, o homem de muitas Copas do Mundo que ocupa até hoje o microfone do “Canhão do Nordeste”e Bartholomeu Fernando “o melhor do Brasil”.Porém,paraxodalmente, os melhores para mim não são esses,os melhores eu deixei para o final.A maior equipe em que eu já trabalhei e que mora no meu coração.

Narração:Tatá Muniz…Comentários:Otavio Munis…Reportagens:Bruno filho. Isso aconteceu no distante ano de 1895 e na querida Radio Piratininga de São João da Boa Vista,interior de São Paulo, foi inédito, nunca pai e dois filhos trabalharam juntos na mesma transmissão esportiva.É a minha “sardinha”, e a minha brasa !

Vai aí então a minha homenagem a toda essa classe sofrida,que na maioria das vêzes conhece o mundo inteiro,tem 5 ou até 6 passaportes lotados, mas que na verdade é constituida de gente humilde, que nasceu com esse dom divino de falar,escrever e poder passar ao ouvinte e leitor as peculiaridades da bola.

Bruno Filho,jornalista e radialista, que neste proximo ano completa 39 anos de profissão.

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