Combate à Assembleia, não à seca

Gilvan Freire

Está se cristalizando, na Paraíba, a idéia de que nossos problemas políticos mais graves são insolúveis. Mas, isso não significa dizer que estamos perdidos porque as mazelas decorrentes da nossa vida pública pouco republicana não têm solução. Fosse assim, a coisa mais fácil seria mudar de lugar, ir para Pernambuco ou o Rio Grande do Norte, a fim de escaparmos dessas preocupações.

De fato, até parece que os Estado vizinhos ou não têm os problemas da Paraíba, ou têm uma capacidade de resolução muito diferente da nossa. É esquisito isso, não?

Ocorre, entretanto, que os mais graves problemas desses estados, fora da política, são semelhantes aos nossos, e as equações, em vez de impossibilidades ou dificuldades pelos caminhos políticos, são gerenciados por esses caminhos. Onde está o erro e onde residem os maiores obstáculos?

O ERRO ESTÁ NOS HOMENS PÚBLICOS

Não se sabe porque os homens se diferenciam muito uns dos outros morando vizinhos, sendo do mesmo padrão racial e cultural e estando inseridos no mesmo habitat. Coisas do mundo e dos homens.

A verdade é que, se classe política está nivelada por baixo no padrão de qualidade pelo país afora, entre nós paraibanos não está melhorada e nem sequer é melhor do que já foi, apesar de composta por muita gente boa.

A conclusão é que, no nosso estado, teremos de nos submeter a um ENEM, um exame de avaliação política, para garantir a reciclagem. É para meditação.

Agora mesmo, quando a Assembleia Legislativa abandona sua sede para sentar perto dos aflitos nas zonas de seca, estreitando uma relação que nasce no voto popular quando o eleitor escolhe seu representante no Poder Legislativo, em vez de receber o incentivo e apoio do Executivo, recebe pancadas e uma tentativa de desqualificação de seus membros. É um atraso primitivo.

No próximo artigo, segunda-feira, vou trocar isso em miúdos e trazer os primeiros relatos não oficiais da ‘expedição amargura’, que foi a missão dos deputados, capitaneados pelo chefe do Legislativo, aos rincões secos da Paraíba, nesses tempos de falta de chuvas… E de governos.