UEPB: outra versão

Rubens Nóbrega

Não há como negar a existência de uma super campanha que visa desqualificar o resultado da eleição para Reitor da Universidade Federal da Paraíba (UEPB). A campanha bombardeia o atual Reitorado incessantemente com denúncias porque a Reitora Marlene Alves apoiou a vitoriosa candidatura do Professor Rangel Júnior. O objetivo da oposição parece-me cristalino: dar pretexto ao governador Ricardo Coutinho para não nomear o Reitor eleito, trocando-o por um biônico.

Pois, mesmo entendendo que a abordagem reproduzida em parte adiante (o original e seus adendos ocupariam duas vezes este espaço) é flagrantemente parte dessa campanha, vou compartilhá-la com os leitores à guisa de contraponto do que já foi escrito nesta coluna sobre o assunto, de de forma sempre favorável à nomeação de Rangel Júnior e em defesa da gestão da Reitora Marlene Alves.

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Prezado Rubens Nóbrega, é democracia fazer uma eleição em quinze dias, numa Universidade com oito campi (João Pessoa, Campina Grande, Guarabira, Araruna, Catolé do Rocha, Patos e Lagoa Seca)?

É democracia fazer uma eleição usando as antigas urnas de cédula, cuja desculpa foi a não disponibilidade das urnas eletrônicas, mesmo todos sabendo que a solicitação foi enviada o mais tarde possível para não ser possível o atendimento?

É democracia não atender a quatro chapas de oposição solicitando ao adiamento da eleição para que fosse possível o uso de urnas eletrônicas, já que o mandato da Professora Marlene vai até o dia 12 de dezembro 2012 e estávamos no início de maio de 2012?

É democracia exonerar o presidente da Convest, Ivan Barros, cargo extremamente técnico, na época da campanha, pelo motivo de o mesmo assumir o apoio a uma chapa de oposição?

É democracia exonerar de um cargo comissionado a técnica administrativa Zeza, que ocupava cargo importante para todos os servidores da UEPB, responsável pelos Recursos Humanos e convênios dos planos de saúde pelo mesmo motivo (que levou à exoneração) do professor Ivan e isso certamente fez com que os demais professores e técnicos que estavam em algum cargo comissionado pensasse duas vezes em apoiar algum candidato da oposição?

É democracia usar todos os setores da UEPB, parando completamente a área administrativa, com intuito de todos se empenharem ao máximo para eleger o candidato da Professora Marlene?

É democracia aumentar o quantitativo de cargos comissionados em janeiro de 2012, ano da eleição da Reitoria, de 529 para 720, isto é, próximo de duzentas novas gratificações do tipo GAET e GAE?

É democracia descongelar a insalubridade de mais de 200 professores que já estavam com os valores congelados desde 2005 e no pagamento do salário do mês de abril, recebidos no início de maio, mês da eleição, os valores foram aumentados em mais de cinco vezes, e se não bastasse, foram pagos dois meses retroativamente?

É democracia entregar material de campanha (chamado de manifesto em favor da candidatura do Rangel Júnior) antes do início da campanha, onde mesmo as chapas entrando com recurso na Comissão Eleitoral nem resposta houve?

É democracia a pró-reitora de Pós-Graduação possuir três irmãos nos quadros de comissionados da UEPB e indicar uma orientanda como diretora do campus de Araruna, mesmo não sendo efetiva do quadro e sem conhecer a nossa região, já que a mesma é de outro Estado?

É democracia a diretora comissionada de Araruna, achando pouco, colocar também o esposo como comissionado na UEPB?

É democracia, com pouco tempo de campanha, depois que uma chapa de oposição discutir com alunos do campus de Araruna e de outros campi as propostas para a UEPB e faltando dois dias para eleição uma equipe da situação chegar afirmando que se aquela chapa for a vencedora o campus será fechado?

É democracia comprar computadores, ar condicionados, TV de plasma, panelas, pratos, sofá para a residência estudantil (casa alugada no bairro da Prata) na semana das eleições?

É democracia realizar apenas um único debate na eleição, mesmo a UEPB tendo oito campi, usando a comissão eleitoral, totalmente indicada pela Reitoria, para inviabilizar os demais debates?

Você pode perguntar: e o resultado das Eleições? Penso que as perguntas que fiz representam pelo menos 30% dos votos que a chapa do Rangel obteve.

Sem o outro lado

Esse material me chegou há uma semana. Encaminhei-o à Reitora Marlene e ao Reitor eleito com pedido de esclarecimentos que não foi atendido até ontem. Os questionamentos apresentados pela fonte devem ser esclarecidos. O Professor Rangel manteve contato no começo desta semana e disse que rebateria um a um todos os questionamentos. Acredito que não tenha tido tempo de fazê-lo. Continuo acreditando nele, todavia. Nele e na Reitora.

Acredito mais ainda na comunidade universitária da UEPB, que se manifestou livremente nas eleições de maio e elegeu democraticamente o seu Reitor em primeiro turno, numa disputa envolvendo cinco candidaturas. Por essas e outras, professores, alunos e funcionários da Instituição não aceitarão outro ato do governador que não seja a nomeação de Rangel Júnior. Afinal, “Reitor eleito, Reitor nomeado”.