A filha biológica da deputada federal Flordelis (PSD-RJ), Simone dos Santos Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira que foi responsável por dar R$ 5 mil para matar o padrasto, Anderson do Carmo. Simone está sendo ouvida, nesta manhã, pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, em Brasília, como testemunha de defesa no processo que pede a cassação da deputada.
De acordo com Simone, a motivação do crime seriam as investidas sexuais do pastor. No começo do ano, ela já tinha contado essa versão à Justiça, durante um interrogatório. Já os filhos adotivos do casal contradizem a versão de Simone e atribuem à Flordelis o plano do assassinato.
A filha contou que “sofria assédio todos os dias” do pastor Anderson e ressaltou a inocência da mãe. “Ela não sabia de nada, ela não tinha ciência nenhuma de nada que estava acontecendo”, disse Simone.
O filho adotivo da deputada, Lucas Cezar dos Santos de Souza, prestou depoimento, na última segunda-feira (19), ao Conselho de Ética e Decoro da Câmara dos Deputados, em Brasília. Lucas prestou depoimento de forma online, pois está detido no Presídio Tiago Teles, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio.
Segundo ele, Flordelis enviava cartas a ele frequentemente e pedia para que assumisse o crime, se não, ela e Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis, seriam prejudicados. De acordo com a polícia, Flávio seria o responsável direto pelo assassinato do pastor.
“Isso veio em uma carta através dos advogados do Flávio. Cheguei no presídio dias depois dele. Ficamos na mesma cela. Minha mãe mandava cartas com frequência para mim. Em uma delas, ela pediu para eu assumir a autoria do crime. Do contrário, ela e o Flávio poderiam ser prejudicados. Ela pediu para eu fazer isso, falando que não iria me abandonar e me daria toda a assistência. Inclusive a carta tinha a assinatura dela”, disse o filho afetivo.
Lucas ainda afirmou que outra filha afetiva de Flordelis, Marzy Teixeira da Silva, foi a responsável pelo planejamento do crime a mando da mãe.
“Quem entrou em contato comigo pela primeira vez foi a Marzy, em janeiro de 2019. Ela me ofereceu um dinheiro. Falou que o Anderson estava atrapalhando a vida dela, atrapalhando a vida da minha mãe e que ninguém na casa estava suportando mais ele e perguntou se eu não dava um fim nele. Na época, eu estava no tráfico de drogas. Ela me ofereceu o valor de R$ 10 mil e alguns relógios para eu dar um fim nele. E me mandou uns prints (cópias) de conversas dela com a minha mãe”, disse Lucas.
Flordelis reafirma versão da filha
Em março, a deputada Flordelis, acusada de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, foi entrevista no programa Conversa com Bial, da TV Globo. A parlamentar voltou a falar que a mandante do crime seria a filha Simone e que o que a motivou a matar o padrasto eram os abusos que sofria dentro de casa enquanto tratava de um câncer. Anderson e Simone namoraram antes do relacionamento com a deputada o que a parlamentar nega ter algum conhecimento. Ela também negou ter alguma participação no crime e que deseja saber quem atirou no marido.
No programa, ela também falou sobre seu relacionamento com Anderson e alegou estar passando por problemas financeiros após a morte do marido e que estaria vivendo com cestas básicas. A deputada federal foi afastada em fevereiro e o salário do cargo ultrapassava o valor de R$ 33 mil.
“Há meses, preciso de cesta básica de amigos. Se eles não mandam, eu não tenho comida para dar para os meus filhos”, disse. “Hoje eu vivo com bastante dificuldade”.
A deputada também contou como foi o dia horas antes do assassinato do marido e deu detalhes sobre um passeio pela praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio e logo depois disse que não sabia se estavam mesmo em Copacabana. Pedro Bial apontou falhas no relato da parlamentar e explicou que a Polícia refez os passos do casal aquela noite e que ambos estariam em Botafogo, próximo a uma casa de swing que Flordelis e Anderson frequentavam. Ao ser questionada se eles realmente eram clientes do local Flordelis citou a bíblia e disse que como pastora e pessoa pública não seria apropriado.
“A bíblia diz que tudo é lícito, mas nem tudo lhe convém. Não convém uma pastora frequentar um lugar desses[…] Eu sou uma pessoa pública, uma pessoa conhecida, minha imagem está em todos os cantos, em todos os lugares, eu sou uma referência. Além disso eu tinha ciúme do meu marido e ele também tinha de mim”, alegou.
A deputada também negou a versão da polícia, baseada nas imagens das câmeras da CET-Rio, de que ela e o marido teriam ido à Botafogo.
“Inventaram um monte de coisa, houve muitos erros, muitas falhas. Não sei porque mexer em coisas como casa de swing ou muitas coisas que inventaram. A polícia tinha que estar focada em achar o culpado ao invés de ir atrás do nosso passado”, desabafou.
Fonte: Meia Hora
Créditos: Polêmica Paraíba