No comando da versão brasileira do “Big Brother” desde o início, em 2002, o diretor Boninho não costuma falar muito sobre o programa. Este ano, talvez estimulado pelo sucesso comercial da atração, ele topou dar uma longa entrevista ao “Meio & Mensagem”, publicação dedicada ao mercado publicitário.
As jornalistas Bárbara Sacchitiello e Thais Monteiro coletaram uma dezena de perguntas junto a figuras destacadas do meio, e também de personalidades, como Marcos Mion, Maísa, Boni, pai do diretor, e Ana Furtado, que é casada com ele.
O resultado da entrevista é muito bom. Boninho fala da sua paixão pela televisão. “Acho que nunca vou parar. Só quando eu deixar de me lembrar que faço televisão (risos)”, diz em resposta a Ana.
A maior parte das questões envolve a ligação do diretor com realities shows e, em especial, o “BBB”, claro
Questionado por Eduardo Simon, CEO da DPZ&T, sobre como as marcas podem usar o “BBB” para se transformarem em assunto, tornando-se parte da cultura popular, Boninho responde que o reality é “um game meio pesado”. E afirma:
“É um jogo que impõe certas atitudes, que podem fazer a pessoa pirar e, quando elas estão dentro dele, podem se transformar em pessoas que não conhecem por se sentirem ameaçadas, inferiores ou por acharem que são melhores do que os outros”.
No que parece um recado aos anunciantes que se assustaram com alguns desdobramentos do “BBB 21”, como a desistência de Lucas Penteado após sofrer pressão psicológica, Boninho complementa a resposta: “Isso atrapalha e, ao mesmo tempo, faz o jogo andar. O anunciante tem que entender que isso pode acontecer e tem que se jogar no programa. Se ele começar a se afetar, pode virar o jogo contra ele.”
Respondendo a Juliana Algañaraz, CEO da Endemol Shine Brasil, sobre como vê o BBB, o diretor diz: “Sempre olhei e ainda olho o reality como entretenimento”. E faz uma observação curiosa:
“Costumo dizer que reality é uma novela ao contrário porque, na novela, você escreve um texto e desenvolve essa gravação. No reality você precisa ser mais criativo porque é necessário correr atrás de uma história que está acontecendo.”
Questionado por Mion a respeito da discussão sobre racismo que houve no “BBB 21”, Boninho diz: “É importante que a gente esteja preparado para brincar, mas a gente também esteja estruturado para falar sério. Quando o assunto fica sério, procuramos alinhar um discurso com a responsabilidade de informar”.
Segundo o diretor, a forma como o programa expôs, na primeira edição, o drama da participante Leka não se repetiria hoje: “Nós mostramos a bulimia da participante Leka. Hoje, provavelmente, não poderíamos fazer dessa forma. Teríamos que chamá-la para conversar com um médico e abordar a situação. A sociedade muda e evolui e nós temos que evoluir também”.
E Boninho faz uma observação curiosa em resposta a Hugo Rodrigues CEO da WMcCann: “Televisão é fracasso e conserto. Se for para um caminho errado, vamos usar a criatividade para consertar. É um jogo de xadrez e, embora você não controle as peças, precisa olhar para elas se movimentando e entender como prever os próximos movimentos.”
Fonte: UOL
Créditos: Polêmica Paraíba