Há uma década o Brasil era mero figurante, muitas vezes sequer presente na elite do Circuito Mundial de Surfe (WSL).
De lá pra cá o cenário mudou radicalmente. Das últimas 6 temporadas (2020 não houve circuito) a geração batizada de Brazilian Storm faturou nada menos que 4 edições.
É uma revolução de pranchas brazucas, um “tsunami” vindo do litoral brasileiro a arrastar tudo pelas costas americanas, australianas…
Apesar de nomes icônicos de desbravadores como Pepê, os valentes conterrâneos, Fábio Gouveia, o Fabuloso, da Paraíba e o baiano Jojó de Olivença terem rasgado fronteiras, faltava ao Brasil brilhar no topo do circuito profissional, cristalizar o talento com o principal título do circuito.
O início da consagração veio com o título de Gabriel Medina em 2014, seguido por Adriano de Sousa, o Mineirinho em 2015, Medina de novo em 2018 e por fim, Ítalo Ferreira, em 2019.
Para continuar a ilustrar esta hegemonia brasileira nos mares do mundo, esta semana foi realizada a segunda etapa do circuito 2021, em Newcastle, na Austrália.
Dos oito classificados às quartas de final, nada menos que 5 brasileiros estavam presentes.
Na final o duelo se deu entre dois compatriotas. O midiático Medina, uma espécie de Neymar dos mares (são parças, inclusive) e o potiguar Ítalo Ferreira, “meu vizinho” aqui da simplória, mas exuberante Baía Formosa.
Deu Ítalo Ferreira. O nordestino, atual campeão mundial, ficou com o título da etapa e a liderança do circuito 2021, que lhe concedeu a cobiçada “camiseta amarela”. Medina é o segundo.
Mas você vai ter dificuldade para ter acesso aos feitos da turma da “Tempestade brasileira” pelas ondas do mundo.
Mesmo no noticiário esportivo brasileiro resta pouco, ou nenhum espaço, além do futebol, mesmo quando se trata de resultados tão expressivos como esses no surfe mundial, assim como foi nas quadras de vôlei, com os fenômenos do Skate outrora etc!
Sem qualquer hipocrisia, todo mundo sabe que sou um consumidor inveterado de futebol. Por outro lado, nem sou adepto, espectador regular de surfe, ou vôlei, mas sou entusiasta da diversidade em qualquer seara. Mais ainda, reconhecer os trunfos e conquistas em modalidades tão pouco exploradas, com espaços tão restritos no país, é reconhecimento do esforço acima da média comum e abertura de terreno para mais praticantes.
Fonte: Marcos Thomaz
Créditos: Marcos Thomaz