O Joelmir não... !

Bruno Filho


A ligação que tenho com o interior de São Paulo é muito extensa,já que por lá morei, e por lá tenho parentes aos montes, inclusive em Tambaú,pequeno lugarejo aprazível que ficou nacionalmente conhecido pelas romarias realizadas para homenagear e pedir graças ao Padre Donizetti.

Lá nasceu um homem que durante os ultimos 40 anos apareceu diariamente na televisão e seu nome virou sinônimo de economia,finanças e dinheiro, mas sempre com doçura, amabilidade e aquela “pitada” de ironia.Assim como lâmina é Gillete, iogurte é Danone e palha de aço é Bom Bril.Economia tem a “cara” dele.

Começou a carreira bem antes, e como reporter esportivo,função que abandonou repentinamente, pois seu coração palmeirense um dia o traiu e ele quase foi “linchado” pela torcida do Corinthians num dos clássicos entre as duas equipes. Ameaçou chorar ao microfone, numa noite em que o Penarol dentro do Pacaembú, tirou uma Libertadores do Verdão.

Joelmir Beting é tão carismático que fez durante anos a população parar o que estava fazendo para ouví-lo no seu comentário diário do Jornal Nacional, no mais requintado horário nobre da televisão brasileira.Nunca foi visto despenteado, mal arrumado,mau humorado ou com falta de etiqueta ao tratar seus entrevistados.

Um mestre.E os mestres nunca deveriam sofrer…não é justo que eles sofram.Mestres deveriam ter regalias sobre os simples mortais.Ficar sem Joelmir é perder um pedaço da história do jornalismo, é passar pela frente da sede do Jockey Clube em São Paulo e não vê-lo no alpendre de sua casa sempre disposto a bater papo.

Lá,foram vividos momentos agradáveis e polêmicos de jornalistas de todas as áreas. Uma vez eu estive na casa dele, levado por meu amigo Roberto Avallone, outro palmeirense de 1000 costados.No meio da reunião festiva, a conversa derivou para o futebol, não poderia ser diferente.

Do alto de seu lado irônico e sabendo da ânsia e sabedoria de Avallone sobre futebol-Roberto é realmente uma enciclopédia-Joelmir provocou-o contrapondo a sua sabedoria com a de Milton Neves, outro catedrático da matéria,fazendo perguntas e mais perguntas sobre jogos,escalações e afins.

Resultado: não se chegou a conclusão de quem sabia mais do centenário futebol, mas ele se divertiu com a agitação provocada.Sempre com o sorriso no canto da boca, dizia de forma irônica as mesmas coisas que muitos só conseguem dizer gritando.

Estou apenas fazendo um preâmbulo, para agora pedir e clamar aos céus…O Joelmir,não…pelo amor de Deus, sei que não posso interferir nas decisões do “Criador”,mas suplico,que ele possa se recuperar, se não para exercer sua profissão novamente, mas para continuar ao nosso lado.

Sei o quê Mauro deve estar sentindo nesse momento, também sou filho e passei por isso,e sei também como estes momentos são de angústia.Mas, vamos pedir, em nome do jornalismo, que isso não aconteça, embora Deus saiba o que faz, o apêlo é de coração.

Aliás, Joelmir completará 76 anos exatamente no dia 21 de dezembro, dia que alguns consideram como o último segundo as profecias Maias.Talvez agora eu entenda.O Mundo não vai acabar, mas o jornalismo perderá demais se nesse aniversário não tivermos Joelmir presente.O pilar ruirá.

Bruno Filho,jornalista e radialista,que está vendo todos os seus ídolos indo embora.Que tristeza !

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